Arquivos mensais: novembro 2016

A Educação Infantil é o início da vida escolar de uma criança. O primeiro passo fora de casa para viver o coletivo. E a primeira experiência dos pais com a vida escolar dos filhos. Professores, educadores e diretores reconhecem essa responsabilidade? Essa questão preocupa a equipe do Tempo de Creche. Por isso convidamos o professor especialista em Educação Infantil e assessor da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar – OMEP, Vital Didonet, para conversar sobre este tema.

Tempo de Creche Como o governo está vendo os pais das crianças na primeira infância? Existe preocupação em formar pais de futuros alunos?

Vital – As políticas públicas respeitam muito a privacidade do pai ou da mãe, e dão elementos para que, dentro de suas condições, sejam os melhores com suas crianças. Quando a criança começa a frequentar uma instituição de educação infantil, acrescenta-se algo novo à sua vida. Os pais se tornam pais de uma criança que tem relacionamento com outras crianças, num ambiente mais amplo do que o familiar e comunitário. Seus filhos conhecem outras crianças e fazem novos amiguinhos, tem contato com a literatura, a dramatização, a música e as artes, fazem experiências com novos materiais com os quais desenvolvem a criatividade, adquirem conhecimentos da natureza, correm, pulam e brincam em espaços abertos e mais amplos do que o de sua casa, e realizam outras atividades às quais não têm acesso em casa. Os pais não podem ignorar esta dimensão sócio educativa da vida da criança e têm que compreender que o filho, a partir desse momento, está com a cabeça ligada em muitas outras coisas. Ser pai e mãe de um filho nesta dimensão socioeducativa é bem diferente de sê-lo apenas na dimensão doméstica.

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O que você acha de ter um professor do sexo masculino na equipe pedagógica da Educação Infantil? Como você vê um professor assumindo uma turma de bebês ou fazendo dupla com uma professora? Professores homens impactam na educação das crianças? E na relação da escola com as famílias? A questão de gênero na educação infantil começa na composição da equipe pedagógica. Vamos conhecer a experiência da Associação Nossa Turma, SP, que há dois anos conta com um professor em sua equipe.

Chegamos numa das sala de Mini Grupo 2 (3 a 4 anos) da Nossa Turma por volta do meio dia. Nos deparamos com uma cena deliciosa de ficar olhando de longe. Sabe quando procuramos observar sem interferir? Encontramos o professor Wellington sozinho na sala com suas crianças, deitado no colchonete, embalando dois pequenos para dormir. Tudo estava tranquilo e uma sensação de aconchego pairava no ar… quanta ternura! Isso nos trouxe as memórias de uma experiência importante de ser compartilhada.

Professor homem e a CrecheNo final de 2014 prestamos consultoria formativa para a Nossa Turma, que passava por grandes transformações para concretizar um convenio com a prefeitura de São Paulo. Além de planejar as alterações estruturais e o aprofundar os conteúdos da Educação Infantil, a equipe de profissionais também precisou se reformular.

Realizamos uma série de dinâmicas para selecionar novos professores e auxiliares. Numa delas aconteceu uma surpresa: surgiu um candidato masculino para concorrer a uma das vagas para professor… de bebês de 1 a 3 anos!!!

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Raiou o dia na escola, faz-se uma roda. Começou uma atividade, faz-se uma roda. É preciso dar avisos, faz-se outra roda. Na rotina das escolas de Educação Infantil, um dos meios mais utilizados para a organização do coletivo é a roda. Mas por que fazer roda de conversa com as crianças pequenas? É só um ritual? Para que ela serve? O que as crianças aprendem ao participarem delas?

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A partir da solicitação de uma leitora, organizamos alguns pensamentos sobre os aprendizados que nascem do exercício rotineiro da roda.

Conversar em roda é um movimento humano muito antigo, ancestral. Podemos lembrar as rodas dos povos tradicionais da Austrália, da África e do Brasil. Organizar-se em roda favorece o convívio e o diálogo em família, com amigos, em comunidades.

Na Educação Infantil a roda é uma forma de organizar o grupo de crianças em torno de um objetivo comum. É um importante processo gradual e permanente de aprendizagem do coletivo.  Portanto, a roda de conversa requer intencionalidade educativa, planejamento e reflexão constante. Ela não nasce gratuitamente na rotina.

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PUBLICIDADE Estão abertas as inscrições para os cursos de pós-graduação do Instituto Vera Cruz. São oferecidos os cursos: A Convivência Ética na Escola Alfabetização: Relações entre Ensino e Aprendizagem Didática da Matemática Gestão Pedagógica e Formação em Educação Infantil Formação de Escritores Livros, Crianças e Jovens: teoria, Mediação e Crítica O curso Gestão Pedagógica e Formação em Educação Infantil é coordenado pela Doutora em Pedagogia e Psicologia Zilma de Moraes Ramos de Oliveira. Acesse o site www.veracruz.edu.br/instituto para mais informações.

A partir do dia 23 de novembro (2016) estará no ar o site Arte na Creche, uma publicação virtual que apresenta 6 proposições para trabalhar as linguagens artísticas com crianças de 0 a 3 anos.

emktA publicação foi elaborada, durante o ano de 2016, em coautoria por Cenpec e Impaes e 3 parceiros: Associação Sabiá, Comunidade Educativa CEDAC e Instituto Avisa Lá, sendo fruto de uma experiência que teve início em 2014, quando Impaes e Cenpec iniciaram o Programa Desafios Impaes com foco na Educação Infantil, apoiando projetos de formação de professores em creches.

As 6 proposições são:

  • Explorações com materiais de largo alcance
  • Experiências estéticas, poéticas e lúdicas com argila
  • Explorações plásticas
  • Faz de conta
  • Narrativas infantis
  • Reinvenções de objetos do cotidiano

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criancas-com-brinquedo-na-areiaQuando pensamos na importância da pesquisa e na alegria pela descoberta como o motor da aprendizagem, esquecemos que precisamos alimentar uma característica primitiva e essencial, que é anterior a esse processo: a curiosidade.
Como identificá-la?
Perseguindo os olhares questionadores e as perguntas das crianças. Também colocando as perguntas certas na hora certa. Estas são as pistas do professor.

Dia desses saí muito angustiada de uma aula com a Madalena Freire! E coloquei para ela a minha aflição: Madalena, entro aqui com 1000 perguntas e saio com 2000! Quando vamos resolver tudo isso? Madalena prontamente respondeu: nunca! Enquanto você estiver aprendendo suas dúvidas não pararão de crescer. Enquanto eu estiver lhe ensinando, você terá mais e mais perguntas para me fazer. É isso que um professor deve querer. Isso dói e traz angústia, mas é o movimento natural da aprendizagem.

Saí da aula com desconforto. Madalena me puxou a cadeira várias vezes num período de 2 horas. Isso me fez ajustar o corpo e a mente para buscar novas descobertas e questionamentos. Cansa! Mas enriquece.

Dormindo sobre os novos conhecimentos – recomendação da Madalena – logo surgiram conexões.

Lembrei-me dos estudos da psicóloga americana e especialista em Educação, Susan Engel. O objeto de sua pesquisa é a curiosidade e o quanto ela é representativa no contexto da aprendizagem.

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Já pensou que a Documentação Pedagógica pode ajudar a contar para você mesmo, uma história sobre você?
Já olhou para a Documentação Pedagógica como janelas para a sua subjetividade, sua maneira de ser com as crianças e como você constrói as próprias práticas?
Indo mais fundo, será que a Documentação Pedagógica revela se as abordagens que acreditamos desenvolver estão apenas no nível da conversa ou se realmente embasam as nossas práticas com as crianças?

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Documentação Pedagógica não é só o registro do que observamos no fazer das crianças. Ela é muito mais! Quando o educador registra sua prática e transforma os registros em documentos reveladores dos aprendizados das crianças, ele também tem diante de si as aprendizagens do seu saber pedagógico.

Como podemos compreender este aspecto da Documentação Pedagógica?

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Eu vejo o mundo pelos olhos da minha aldeia.

A frase do escritor russo Leon Tolstoi (1828-1910) provoca uma importante reflexão sobre a construção da identidade das crianças pequenas. O mundo começa a partir do lugar em que vivo. Como trabalhar com contextos significativos que contribuam com a construção da identidade? Como identificar o universo cultural de cada pequeno e compor um repertório para o grupo? Famílias e escolas podem ser parceiras nas experiências culturais dos pequenos?

Muitas escolas se relacionam com as famílias e com a comunidade a partir de demandas administrativas ou de comemorações festivas. A escola nem sempre se integra ou participa da vida da comunidade. Mantém-se à parte, quase que encapsulando suas crianças. Escola não é uma bolha.

passeio-no-bairroPara Dahberg, Moss e Pence, a escola resguarda um espaço para a criança viver a infância. Porém, esquecemos que a própria escola é parte do bairro e da comunidade. Assim, é a própria comunidade que disponibiliza às crianças a oportunidade de brincar e se desenvolver na instituição. Nesse sentido, a infância na escola só pode ser vivida plenamente se estiver inserida na cultura dessa comunidade.

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congadaSomos o país que tem a maior população de origem africana fora da África!
Como podemos perceber a importância e a influência da cultura africana no Brasil?
Crianças pequenas podem compreendem esse importante braço da nossa cultura? 
Sim! Elas podem sentir, experimentar, brincar e aprender a partir das nossas heranças culturais.

Neste mês de novembro temos uma oportunidade de refletir sobre as influências africanas, pois no dia 20/11 comemoramos o Dia da Consciência Negra. Em algumas cidades é feriado e o assunto é geralmente veiculado na TV, no rádio e nos jornais.

Essa história começa com a influência cultural trazida pelos escravos africanos para o Brasil e está presente no dia a dia em nossos hábitos e costumes.

História e Cultura Afro-brasileiraO livro História e cultura africana e afro-brasileira na educação infantil foi especialmente preparado para a Educação Infantil e está disponível para download, desde 2104, no portal do MEC Por dentro da África.

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Chegamos ao final de mais um ano e podemos dizer que muitas teorias, estudos e práticas nos perseguiram e provocaram pensamentos. Muita coisa se falou, muito se conheceu e estudou, direções foram apontadas, mas, em essência, ficou um sabor de setas apontadas para várias direções.
Por isso, é preciso organizar o que aprendemos sobre a jornada do ano que passou. Como pensar no final do ano sem olhar para o que foi vivido? Como refletir sobre o ano que passou?

Como pensar no tempo que está por vir sem descobrir o que queremos mudar e o que queremos que continue na mesma direção? É provável que a jornada de 2016 também trouxe alguns sabores de inovação.

Assim, é importante pensar o que é de fato inovar. É jogar o que já existe fora e começar do zero? É ignorar o que já experimentamos e assumir uma nova personalidade?

Para nós a resposta é não!

Aquilo que nos atravessa e bate fundo na alma, encontra um certo eco, um barulhinho dentro de nós. Somos sensibilizados por situações às quais já temos um terreno preparado para receber.

É assim que acontece quando vamos a uma exposição e ficamos mobilizados por uma obra em especial. Ela reavivou algumas sensações e emoções gravadas na memória. Ou conversou com o momento pelo qual estamos atravessando. Ou ainda, ela corresponde ao nosso ideal estético. Mas, a obra pode também atingir o que está frágil em nós e precisa ser enfrentado.

É hora de refletir sobre o ano que estamos encerrando! É hora de retomar sensações e emoções da prática de ser professor.

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10/11