Arquivos mensais: janeiro 2017

Encontramos um relato interessante sobre o desenho infantil na faixa dos 3 a 4 anos, lendo a dissertação de mestrado da professora Vanessa Marques Galvani. Ao refletir sobre registros e produções de duas crianças em particular, a professora buscou apoio no conceito de zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky,  planejou intervenções e colheu resultados significativos.

Vanessa estava pesquisando a fotografia como suporte para a elaboração de documentação pedagógica, quando percebeu nos registros fotográficos de sua turma algumas particularidades no desenho de dois de seus alunos. Ela notou que o Artur (nome fictício), apesar de reconhecer algumas partes do rosto humano na sua própria fotografia, ainda não conseguia desenha-las sozinho. Já Clara (nome fictício), tranquilamente demonstrava através de seus desenhos uma figuração mais estruturada.

Exercicio de autoretrato Arthur

A partir da leitura das produções das crianças e dos registros realizados durante os momentos do desenho, Vanessa identificou que Artur conseguia desenhar algumas partes do seu rosto. Mas, em comparação com os desenhos de Clara, ainda faltavam algumas estruturas. Isso indicava que o menino estava numa zona de desenvolvimento proximal no desenho da figura humana. Partindo desse olhar, planejou estratégias pedagógicas para provocar Arthur e promover o desenvolvimento do seu desenho.

Como Vygotsky nos ajuda a entender esse processo?

Para o psicólogo bielorrusso Vygotsky, existem dois níveis de desenvolvimento infantil.

Exercicio de autoretrato ClaraQuando a criança é capaz de realizar uma determinada ação de forma autônoma, sem nenhum auxílio, ela se encontra zona de desenvolvimento real. Este nível é o resultado de processos de aprendizagens já adquiridas e conquistadas pela criança.

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Nas postagens Curiosidade e pedagogia da investigação: caminhos para 2017 e Curiosidade: o combustível da aprendizagem, falamos sobre a importância da curiosidade como estado provocador para aprendizagens. Quando ficamos curiosos a respeito de algo buscamos acalmar o desejo de saber sobre alguma coisa que não sabemos, mas que nos interessa. Essa inquietação é uma potente força disparadora para a formulação de hipóteses, a pesquisa, a relação com o outro e com os fatos, a elaboração da comunicação e da linguagem.

Muitos processos complexos estão envolvidos e o resultado é a construção de aprendizagens, novas conexões, conhecimentos, a facilitação para buscar as curiosidades da vida e embarcar em novas pesquisas.

É um ciclo que não para nunca e que, a cada volta, desenha caminhos cada vez mais claros.

Nós (e as crianças!) aprendemos com o processo de investigar o que desperta nossa curiosidade, nosso interesse e, consequentemente, o que é significativo para nós.

Eu quero voar! Diz um menino numa turma de pré-escola.
Quem sabe voar? Pergunta a professora.
Eu! Responde o menino com uma capa de papel amarrada no pescoço.
E quem mais? João e eu queremos saber quem sabe voar!, diz a professora, organizando o pensamento e convocando outras crianças a participarem.
A borboleta!, reponde o pequeno com a capa.
O avião!, responde uma menina.
O passarinho!, responde outro menino.
Como será que eles voam?, intervém a professora.
Com o cérebro acessando os arquivos, as crianças respondem: com a asa!, correndo!, pulando de cima, ó!– um pequeno sube no banco e pula.

brincadeira de voar

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Tempo de Creche conversou com a professora Josca Ailine Baroukh sobre seu livro Parlendas para brincar da Editora Panda Books. O livro é uma co-autoria com Lucila Silva de Almeida e conta com Camila Sampaio nas ilustrações.

Tempo de Creche Como você iniciou a produção do livro Parlendas para brincar?

Josca – Eu tinha uma coleção de parlendas! Capa Parlendas
Por que eu tinha uma coleção de parlendas?
Quando trabalhamos alfabetização, pensamos em escrever textos que sabemos de cor, significativos para as crianças e que conversem com elas. Que textos são estes? Os textos da literatura oral: parlendas, travalínguas, histórias de boca, adivinhas, provérbios… escritos que o autor Luís da Câmara Cascudo chama de cultura oral do povo brasileiro.

Eu trabalhava com alfabetização e percebia que as crianças gostavam muito das parlendas. Assim, como professora, fui colecionando esse gênero literário. Quando recebi o convite da Editora Panda para escrever um livro de parlendas, me assustei. Já editei muitos livros, mas até aquele momento, não tinha assumido a responsabilidade de escrever um. Propus, então, uma parceria com Lucila Silva de Almeida, também professora, que tem na raiz de sua infância os textos de tradição oral, escreve muito sobre este tema e também tem sua coleção de parlendas.

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Nos dias 20 e 21 de janeiro de 2017 aconteceu o primeiro Encontro no Bairro, uma parceria da Escola do Bairro e do Blog Tempo de Creche com foco na criança. Com o lema o mundo na escola e a escola no mundo, o encontro Curiosidade e Investigação reuniu 35 pessoas que, mesmo sob chuva, participaram com interesse e muito diálogo.

Encontro no Bairro janeiro 2017 aulas

Para o filósofo e pedagogo Martin Buber (1878-1965), o homem é um ser de relação, aberto para o diálogo com o “Tu”. Para ele, o indivíduo existe somente quando se coloca em relação viva com outros indivíduos. Quando o indivíduo reconhece o outro em sua alteridade (com suas diferenças), conseguirá romper com a solidão e viver encontros transformadores.

Encontro no Bairro janeiro 2017 provocaçãoQuando Gisela construiu a Escola do Bairro, com tijolos de barro, cultura e pesquisa, surgiu também uma sintonia de crenças entre o Blog e a Escola. Gisela foi uma das primeiras a participar da seção Palavra de… e, com as conversas sobre curiosidade e investigação, compor um tempo e um espaço para dialogar sobre Educação foi um processo natural. Surgiu a proposta de fazer Encontros no Bairro, convidar educadores e pessoas interessadas na infância para ouvir, falar, questionar e refletir.

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No final de 2016 recebemos um presente. Conversamos com Madalena Freire e, para uma pergunta, recebemos pelo menos oito respostas! Palavras verdadeiras e provocadoras que despertam reflexão. Uma essência de Madalena que incomoda porque nos faz pensar e crescer!

Tempo de Creche – Crianças nascem naturalmente aprendizes, com curiosidade para desvendar como o mundo funciona. A curiosidade é o desejo de aprender. Qual o caminho para o professor trabalhar com o espírito curioso das crianças?

Madalena – As crianças nascem aprendizes, mas fora do ambiente humano adequado, não se desenvolverão! Este fato assinala a importância dos adultos (modelo) para seu adequado desenvolvimento.

A curiosidade é um  dos elementos que impulsiona o desejo de aprender… mas, se esta não for alimentada com intervenções, encaminhamentos e devoluções, não florescerá !!

Que proposta vou fazer para os meus alunos viverem essa informação?
Como provocar o aluno a repensar o que ele já pensa?

Portanto o professor tem grandes desafios no seu ensinar!!! Ele terá que:

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Maureen Bisilliat Clique na imagem e veja o vídeo 

A equipe do Tempo de Creche foi conversar com a psicóloga Ângela Aranha, idealizadora e fundadora da Casa de Livros, uma tradicional casinha de tijolos, especializada em literatura infanto-juvenil de São Paulo. A missão: descobrir dicas certeiras de bons livros para crianças pequenas. Para Ângela, um dos sabores da vida é ver as descobertas das crianças no contato com a literatura e suas inúmeras linguagens. Em cada idade a criança está em um momento diferente, por isso é importante entendermos o que ela está explorando e descobrindo para oferecermos o livro mais próximo de seus interesses.

Bebês

Os bebês exploraram o que enxergam. Que tal oferecer livros com imagens grandes para ir nomeando os elementos junto com eles? A coleção Meu primeiro livrinho toque e brinque, da editora Usborne, composta por três livros, é muito adequada. A editora Yoyo tem em seu acervo o livro Contrários, da Coleção Ver e Aprender, também excelente para o pequeninos.

Crianças de dois a três anos

Para as crianças na faixa de dois a três anos, as imagens ainda são o ponto fundamental, mas já é possível oferecer livros com pequenas histórias.

A Cia das Letrinhas publicou o livro Bem lá no alto, da Suzanne StraberTodos os bichinhos estão loucos por uma torta que está bem lá no alto, mas os bichos estão lá embaixo! O que fazer? Será que podemos contar com a ajuda de amigos? O livro apresenta lindas imagens.

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7/7