Percurso investigativo: o desenho e a zona proximal de desenvolvimento
Encontramos um relato interessante sobre o desenho infantil na faixa dos 3 a 4 anos, lendo a dissertação de mestrado da professora Vanessa Marques Galvani. Ao refletir sobre registros e produções de duas crianças em particular, a professora buscou apoio no conceito de zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky, planejou intervenções e colheu resultados significativos.
Vanessa estava pesquisando a fotografia como suporte para a elaboração de documentação pedagógica, quando percebeu nos registros fotográficos de sua turma algumas particularidades no desenho de dois de seus alunos. Ela notou que o Artur (nome fictício), apesar de reconhecer algumas partes do rosto humano na sua própria fotografia, ainda não conseguia desenha-las sozinho. Já Clara (nome fictício), tranquilamente demonstrava através de seus desenhos uma figuração mais estruturada.
A partir da leitura das produções das crianças e dos registros realizados durante os momentos do desenho, Vanessa identificou que Artur conseguia desenhar algumas partes do seu rosto. Mas, em comparação com os desenhos de Clara, ainda faltavam algumas estruturas. Isso indicava que o menino estava numa zona de desenvolvimento proximal no desenho da figura humana. Partindo desse olhar, planejou estratégias pedagógicas para provocar Arthur e promover o desenvolvimento do seu desenho.
Como Vygotsky nos ajuda a entender esse processo?
Para o psicólogo bielorrusso Vygotsky, existem dois níveis de desenvolvimento infantil.
Quando a criança é capaz de realizar uma determinada ação de forma autônoma, sem nenhum auxílio, ela se encontra zona de desenvolvimento real. Este nível é o resultado de processos de aprendizagens já adquiridas e conquistadas pela criança.
Ciclo da Curiosidade e da Aprendizagem… na prática!
Nas postagens Curiosidade e pedagogia da investigação: caminhos para 2017 e Curiosidade: o combustível da aprendizagem, falamos sobre a importância da curiosidade como estado provocador para aprendizagens. Quando ficamos curiosos a respeito de algo buscamos acalmar o desejo de saber sobre alguma coisa que não sabemos, mas que nos interessa. Essa inquietação é uma potente força disparadora para a formulação de hipóteses, a pesquisa, a relação com o outro e com os fatos, a elaboração da comunicação e da linguagem.
Muitos processos complexos estão envolvidos e o resultado é a construção de aprendizagens, novas conexões, conhecimentos, a facilitação para buscar as curiosidades da vida e embarcar em novas pesquisas.
É um ciclo que não para nunca e que, a cada volta, desenha caminhos cada vez mais claros.
Nós (e as crianças!) aprendemos com o processo de investigar o que desperta nossa curiosidade, nosso interesse e, consequentemente, o que é significativo para nós.
Eu quero voar! Diz um menino numa turma de pré-escola.
Quem sabe voar? Pergunta a professora.
Eu! Responde o menino com uma capa de papel amarrada no pescoço.
E quem mais? João e eu queremos saber quem sabe voar!, diz a professora, organizando o pensamento e convocando outras crianças a participarem.
A borboleta!, reponde o pequeno com a capa.
O avião!, responde uma menina.
O passarinho!, responde outro menino.
Como será que eles voam?, intervém a professora.
Com o cérebro acessando os arquivos, as crianças respondem: com a asa!, correndo!, pulando de cima, ó!– um pequeno sube no banco e pula.
Primeiro Encontro no Bairro: curiosidade, investigação, natureza e cultura
Nos dias 20 e 21 de janeiro de 2017 aconteceu o primeiro Encontro no Bairro, uma parceria da Escola do Bairro e do Blog Tempo de Creche com foco na criança. Com o lema o mundo na escola e a escola no mundo, o encontro Curiosidade e Investigação reuniu 35 pessoas que, mesmo sob chuva, participaram com interesse e muito diálogo.
Para o filósofo e pedagogo Martin Buber (1878-1965), o homem é um ser de relação, aberto para o diálogo com o “Tu”. Para ele, o indivíduo existe somente quando se coloca em relação viva com outros indivíduos. Quando o indivíduo reconhece o outro em sua alteridade (com suas diferenças), conseguirá romper com a solidão e viver encontros transformadores.
Quando Gisela construiu a Escola do Bairro, com tijolos de barro, cultura e pesquisa, surgiu também uma sintonia de crenças entre o Blog e a Escola. Gisela foi uma das primeiras a participar da seção Palavra de… e, com as conversas sobre curiosidade e investigação, compor um tempo e um espaço para dialogar sobre Educação foi um processo natural. Surgiu a proposta de fazer Encontros no Bairro, convidar educadores e pessoas interessadas na infância para ouvir, falar, questionar e refletir.
Palavra de… Madalena Freire
No final de 2016 recebemos um presente. Conversamos com Madalena Freire e, para uma pergunta, recebemos pelo menos oito respostas! Palavras verdadeiras e provocadoras que despertam reflexão. Uma essência de Madalena que incomoda porque nos faz pensar e crescer!
Tempo de Creche – Crianças nascem naturalmente aprendizes, com curiosidade para desvendar como o mundo funciona. A curiosidade é o desejo de aprender. Qual o caminho para o professor trabalhar com o espírito curioso das crianças?
Madalena – As crianças nascem aprendizes, mas fora do ambiente humano adequado, não se desenvolverão! Este fato assinala a importância dos adultos (modelo) para seu adequado desenvolvimento.
A curiosidade é um dos elementos que impulsiona o desejo de aprender… mas, se esta não for alimentada com intervenções, encaminhamentos e devoluções, não florescerá !!
Que proposta vou fazer para os meus alunos viverem essa informação?
Como provocar o aluno a repensar o que ele já pensa?
Portanto o professor tem grandes desafios no seu ensinar!!! Ele terá que:
Desafio Tempo de Creche
Maureen Bisilliat Clique na imagem e veja o vídeo
Uma preciosa lista de livros infantis
A equipe do Tempo de Creche foi conversar com a psicóloga Ângela Aranha, idealizadora e fundadora da Casa de Livros, uma tradicional casinha de tijolos, especializada em literatura infanto-juvenil de São Paulo. A missão: descobrir dicas certeiras de bons livros para crianças pequenas. Para Ângela, um dos sabores da vida é ver as descobertas das crianças no contato com a literatura e suas inúmeras linguagens. Em cada idade a criança está em um momento diferente, por isso é importante entendermos o que ela está explorando e descobrindo para oferecermos o livro mais próximo de seus interesses.
Bebês
Os bebês exploraram o que enxergam. Que tal oferecer livros com imagens grandes para ir nomeando os elementos junto com eles? A coleção Meu primeiro livrinho toque e brinque, da editora Usborne, composta por três livros, é muito adequada. A editora Yoyo tem em seu acervo o livro Contrários, da Coleção Ver e Aprender, também excelente para o pequeninos.
Crianças de dois a três anos
Para as crianças na faixa de dois a três anos, as imagens ainda são o ponto fundamental, mas já é possível oferecer livros com pequenas histórias.
A Cia das Letrinhas publicou o livro Bem lá no alto, da Suzanne Straber. Todos os bichinhos estão loucos por uma torta que está bem lá no alto, mas os bichos estão lá embaixo! O que fazer? Será que podemos contar com a ajuda de amigos? O livro apresenta lindas imagens.