Organização de propostas: garantia de brincadeira e aprendizado
Como ser educador em meio à cena pulsante de crianças vivas e curiosas que seguem seus desejos para apreender o mundo? Como elaborar e organizar planos e propostas na educação Infantil?
Segundo Madalena Freire, ensinamos e aprendemos a partir do que sabemos, do que tem significado para nós. Os conteúdos que despertam e estimulam, tem que ter sentido para nós e para as crianças nesse jogo de ensino-aprendizagem. Nessa jornada, o educador da Educação Infantil, faz a mediação:
- Afasta-se para permitir a livre pesquisa e a criação
- Observa para perceber as descobertas que devem ser valorizadas, as dificuldades e as demandas que as crianças fazem
- Valoriza as descobertas e as conquistas do desenvolvimento
- Encaminha, intervindo a partir as demandas das crianças, com propostas de novos materiais, locais e situações de forma a enriquecer ainda mais as aprendizagens obtidas no processo de pesquisa
- Mantém o ambiente seguro para cuidar do bem-estar
Assim, nessa intermediação, o educador é o mediador no processo de leitura e pesquisa do mundo realizado pelas crianças.
Que tal experimentar esse modo de olhar?
Crianças e educador: uma parceria para desbravar um mundo!
Como conhecer a criança, o grupo e escolher como agir?
Repertório cultural simplificado: ah, mas elas gostam!….
A arte e suas linguagens permeiam e estruturam as experiências das crianças na Educação Infantil. Presentes no cotidiano das creches e pré-escolas, o repertório de música, artes visuais, dança e jogos dramáticos é oferecido por meio de propostas e disparam pesquisas e aprendizagens que ultrapassam a expressão artística. Cultura, Arte e Natureza representam o território temático da educação das crianças pequenas.
Mito número 1: crianças não compreendem um repertório mais complexo
Não é verdade!
Crianças tem mais células saudáveis receptoras dos estímulos auditivos, visuais e táteis, do que nós adultos. Sabemos que ao longo do tempo as células sensoriais do ouvido e as estruturas que compõem o olho vão se desgastando e não se regeneram. Assim, quanto mais velhos ficamos, percebemos menos as imagens e as particularidades dos sons em comparação às crianças.
Mito número 2: crianças sempre gostam das mesmas coisas
Outro fator que contradiz a crença a respeito de repertórios sofisticados versus os mais infantilizados e empobrecidos é que as crianças aprendem coisas novas todos os dias. Essa disposição curiosa e abertura para o que é novo os faz querer conhecer, pesquisar e experimentar… sem preconceitos ou autocensura. Por isso, é importante acreditar que no mínimo elas vão apreciar o que é oferecido, sentir e depois decidir se gostam ou não!
Espaços que falam
O que você acha?
Como trabalhar a agressividade?
Tapas, empurrões, chutes e puxões de cabelo – como reagir nessas situações? O que fazer? Como entender a agressividade na primeira infância? Veja as reflexões, as dicas e brincadeiras para trabalhar essa questão.
No olhar da psicologia, a agressividade que se manifesta nos primeiros anos de vida é um comportamento normal. É uma espécie de reação que ocorre quando a criança está à frente de algum acontecimento que a faz se sentir frágil e insegura.
Assim, na primeira infância é comum as crianças expressarem desejos e frustrações por meio de comportamentos nada polidos e pouco aceitos, causando incômodo em todo o grupo.
Alguns estudos*[1] entendem que a agressividade na Educação Infantil está cada vez mais presente:
- pela falta de estrutura familiar
- pela falta da atenção dos pais,
- pela reprodução de atitudes presenciadas,
- e nas tentativas de atrair atenção para si.
No ambiente da educação também cabem algumas reflexões:
- Como a instituição analisa as ações de sua própria equipe com as crianças?
- Temos consciência de quais atitudes são favoráveis ao aparecimento de frustrações nas crianças?
- Os educadores trabalham a autonomia das crianças e a construção do respeito pelo outro? Ocorre interação entre crianças de idades diferentes? Como ela é?
- Quanto a estrutura da rotina e a organização das atividades permitem a expressão e a manifestação dos desejos e estados de espírito das crianças?
- A turma fica muito restrita às salas? O corpo tem espaço para se movimentar, para experimentar e para interagir?
Ruth Rocha e Otávio Roth: coisinhas à toa que deixam a gente feliz
Acordar com cafuné
Pintinho saindo do ovo
Começar caderno novo
Melar o dedo no mel
Joaninha no nariz
Escrever com esta singeleza é sinônimo de infância. Otavio Roth, artista plástico e autor destes versos, foi uma criança feliz.
Sábado, dia 18 de março, a partir das 14h, a Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, SP será palco de um evento literário em que a escritora Ruth Rocha revive a parceria com o artista Otávio Roth, lançando a coleção infantil Coisinhas à toa que deixam a gente feliz, composta por quatro volumes, dois de autoria de Otávio e dois inéditos de Ruth, à moda de Roth, em edição especial e limitada.
Na dedicatória da primeira edição do livro Duas dúzias de coisinhas à toa que deixam a gente feliz, Otávio agradece à mãe que o ensinou fazer bolha de sabão na banheira e outras travessuras da infância. Os sabores desses pequenos momentos o acompanharam ao longo de sua jornada. Ana Beatriz, esposa do artista, lembra que quando o marido escreveu os primeiros dois livros da coleção, sua filha, Isabel fazia o pai se divertir com as brincadeiras que inventava quando pequena. Ana ainda nos contou que a sensibilidade do artista é fruto das memórias da infância feliz vivida em uma pequena vila na Bela Vista, SP, onde todas as crianças brincavam juntas na rua.
Ruth Rocha, escritora de livros para crianças e adolescentes, compartilha com Otávio este olhar sensível para as pequenas coisas que nos dão tanto prazer e que se transformaram em matéria prima para a coleção escrita pelos dois autores.
Da criança adaptada à criança realizada
Da criança adaptada à criança realizada… o que desejamos para os nossos pequenos?
A arte no cotidiano da educação infantil: palavra de Mirian Celeste Martins
A educadora Mirian Celeste Martins conversou com a equipe do Tempo de Creche sobre a mediação cultural que os professores fazem ao apresentar obras de arte para as crianças e organizar a exposições da escola: a curadoria educativa. Para Mirian, selecionar e oferecer obras provoca oportunidades de discussão. As obras interrogam, promovem significados e as crianças respondem.
Tempo de Creche – Conhecendo o seu trabalho, entendemos que os professores, assim como os curadores dos museus e exposições, também fazem uma curadoria ao selecionar o repertório artístico e cultural que apresentam para seus alunos. Como você vê essa questão?
Mirian – Curador é aquele que cuida de uma exposição. Ele tem a ideia que orienta a exposição, pensando na seleção das obras e no modo como vão ocupar o espaço. Todas estas relações têm a preocupação de aproximar o público da exposição. O educador também quer aproximar as crianças da arte e, para isso, deve selecionar criteriosamente o que e como apresentá-la.
Para o educador e curador Luiz Guilherme Vergara, a curadoria impulsiona a educação do outro que está ali como aprendiz, aberto para experiências. Portanto, o responsável pela curadoria educativa é o promotor do encontro do visitante com a obra.
Palavra de… Magda Soares: criança e a reinvenção da escrita
Na segunda postagem da conversa com a educadora e estudiosa Magda Soares, pesquisadora de alfabetização e letramento, enfocamos os processos da criança ao desenvolver suas habilidades de comunicação e a construção da parceria com as famílias durante o letramento e o início da alfabetização. Para Magda, a criança imersa na cultura da escrita naturalmente se interessa por ela e repete, de certa forma, a trajetória criativa da humanidade na sua invenção, usos e práticas.
Antes de mergulhar em mais um texto esclarecedor e inspirador, Magda compartilha uma observação que vem fazendo ao longo dos seus anos de trabalho com crianças pequenas: a criança quer compreender o mundo que a circunda, e quer que a esclareçam sobre esse mundo circundante. Quando se pergunta a uma criança prestes a entrar em instituição de Educação Infantil “por que você quer ir para a escolinha?”, a resposta é quase sempre “para aprender a ler”, raramente a resposta é “para brincar”.
Parte 1: Letramento ou alfabetização? Os dois!
Parte 2: Crianças e a reinvenção da escrita
Crianças e a reinvenção da escrita
Tempo de Creche – Alguns estudos ressaltam a importância da criatividade das crianças pequenas quando começam a se apropriar do código linguístico. Outros estudos colocam que a criança pequena começa a se comunicar por meio de imagens e que esse percurso se perde quando elas iniciam a alfabetização e o uso das palavras escritas. Como você vê estas questões?
Magda – Inicialmente, proponho substituirmos “código” por “representação”, pois os sons da língua não são “codificados” em letras, mas “representados” por letras, e isso resulta em significativa diferença na compreensão dos processos da criança e, em decorrência, em sua orientação.
Também proponho não nos restringirmos à apropriação do sistema de representação alfabético, mas, mais amplamente, à inserção plena da criança na cultura do escrito: inserção no letramento, considerando a alfabetização um dos componentes do letramento (como disse na primeira postagem Palavra de… Magda Soares: a linguagem escrita na infância, alfabetização e letramento são interdependentes e indissociáveis).
Experiências duram para sempre, já a “sujeira”…
Como entendemos a “sujeira” decorrente das atividades das crianças?