Palavra de especialista

O homem começou sua viagem na escrita quando a inventou há mais de 5000 anos. De lá pra cá tudo mudou: nosso pensamento ficou mais complexo, conseguimos registrar as trajetórias e acontecimentos da vida e a comunicação ganhou fronteiras e conquistou o tempo. É com grande prazer que o Tempo de Creche conversou com a educadora e estudiosa Magda Soares, pesquisadora de alfabetização e letramento que, em duas postagens nos conta como a criança percebe o universo da linguagem escrita, o que é alfabetização, o que é letramento e o que precisamos fazer para trabalhar esses processos.

Parte 1: Letramento ou alfabetização? Os dois!
Parte 2: Crianças e a reinvenção da escrita

menino escrevendo

Letramento ou alfabetização? Os dois!

Tempo de Creche – Qual é a diferença entre alfabetização e letramento?

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Tempo de Creche conversou com a professora Josca Ailine Baroukh sobre seu livro Parlendas para brincar da Editora Panda Books. O livro é uma co-autoria com Lucila Silva de Almeida e conta com Camila Sampaio nas ilustrações.

Tempo de Creche Como você iniciou a produção do livro Parlendas para brincar?

Josca – Eu tinha uma coleção de parlendas! Capa Parlendas
Por que eu tinha uma coleção de parlendas?
Quando trabalhamos alfabetização, pensamos em escrever textos que sabemos de cor, significativos para as crianças e que conversem com elas. Que textos são estes? Os textos da literatura oral: parlendas, travalínguas, histórias de boca, adivinhas, provérbios… escritos que o autor Luís da Câmara Cascudo chama de cultura oral do povo brasileiro.

Eu trabalhava com alfabetização e percebia que as crianças gostavam muito das parlendas. Assim, como professora, fui colecionando esse gênero literário. Quando recebi o convite da Editora Panda para escrever um livro de parlendas, me assustei. Já editei muitos livros, mas até aquele momento, não tinha assumido a responsabilidade de escrever um. Propus, então, uma parceria com Lucila Silva de Almeida, também professora, que tem na raiz de sua infância os textos de tradição oral, escreve muito sobre este tema e também tem sua coleção de parlendas.

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No final de 2016 recebemos um presente. Conversamos com Madalena Freire e, para uma pergunta, recebemos pelo menos oito respostas! Palavras verdadeiras e provocadoras que despertam reflexão. Uma essência de Madalena que incomoda porque nos faz pensar e crescer!

Tempo de Creche – Crianças nascem naturalmente aprendizes, com curiosidade para desvendar como o mundo funciona. A curiosidade é o desejo de aprender. Qual o caminho para o professor trabalhar com o espírito curioso das crianças?

Madalena – As crianças nascem aprendizes, mas fora do ambiente humano adequado, não se desenvolverão! Este fato assinala a importância dos adultos (modelo) para seu adequado desenvolvimento.

A curiosidade é um  dos elementos que impulsiona o desejo de aprender… mas, se esta não for alimentada com intervenções, encaminhamentos e devoluções, não florescerá !!

Que proposta vou fazer para os meus alunos viverem essa informação?
Como provocar o aluno a repensar o que ele já pensa?

Portanto o professor tem grandes desafios no seu ensinar!!! Ele terá que:

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O balanço do ano pode apontar a necessidade de rever nossos aprendizados como educadores. Buscar formação continuada, cursos e grupos de estudos são formas de remexer em conteúdos adormecidos e despertar para novas abordagens. Quais são os pontos frágeis na formação do pedagogo em relação à Educação Infantil? A educadora e doutora em Psicologia, Zilma de Moraes Ramos de Oliveira, coordenadora do curso de pós-graduação lato sensu Gestão Pedagógica e Formação em Educação Infantil do Instituto Vera Cruz, em São Paulo,  conversa com o Tempo de Creche sobre a importância da especialização para o profissional da Educação Infantil.

Tempo de Creche – Você acha que a graduação em Pedagogia contempla de modo satisfatório a Educação Infantil?


Zilma –
O curso de especialização tem sido uma experiência produtiva especialmente porque a graduação em Pedagogia dá pouca atenção para a Educação Infantil. A pessoa que faz o curso de Pedagogia é mais preparada para o ensino fundamental das primeiras séries. Nesse sentido, os novos pedagogos saem com a impressão de que trabalhar com as crianças pequenas é fazer a mesma coisa só que “mais facilzinho”.  Não é desse jeito!

Tempo de Creche – Você pode dar um exemplo?

professora-estudandoZilma – Há muito tempo fiz uma pesquisa para o MEC em que visitamos as redes municipais. Numa delas, o currículo estabelecia que até tal idade a criança aprendia a contar até 18. O que é isso? Por que 18 e não 17? Ou qualquer outro número! Não tem nenhuma lógica. Como os mais velhos podem contar até o infinito, proporcionalmente, os pequenos poderiam contar até 18…

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A Educação Infantil é o início da vida escolar de uma criança. O primeiro passo fora de casa para viver o coletivo. E a primeira experiência dos pais com a vida escolar dos filhos. Professores, educadores e diretores reconhecem essa responsabilidade? Essa questão preocupa a equipe do Tempo de Creche. Por isso convidamos o professor especialista em Educação Infantil e assessor da Organização Mundial para a Educação Pré-Escolar – OMEP, Vital Didonet, para conversar sobre este tema.

Tempo de Creche Como o governo está vendo os pais das crianças na primeira infância? Existe preocupação em formar pais de futuros alunos?

Vital – As políticas públicas respeitam muito a privacidade do pai ou da mãe, e dão elementos para que, dentro de suas condições, sejam os melhores com suas crianças. Quando a criança começa a frequentar uma instituição de educação infantil, acrescenta-se algo novo à sua vida. Os pais se tornam pais de uma criança que tem relacionamento com outras crianças, num ambiente mais amplo do que o familiar e comunitário. Seus filhos conhecem outras crianças e fazem novos amiguinhos, tem contato com a literatura, a dramatização, a música e as artes, fazem experiências com novos materiais com os quais desenvolvem a criatividade, adquirem conhecimentos da natureza, correm, pulam e brincam em espaços abertos e mais amplos do que o de sua casa, e realizam outras atividades às quais não têm acesso em casa. Os pais não podem ignorar esta dimensão sócio educativa da vida da criança e têm que compreender que o filho, a partir desse momento, está com a cabeça ligada em muitas outras coisas. Ser pai e mãe de um filho nesta dimensão socioeducativa é bem diferente de sê-lo apenas na dimensão doméstica.

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No momento em que repensamos currículo e ambiente de educação, questões como o “transtorno do déficit de natureza” precisam ser considerados. Tempo de Creche conversou com o jornalista americano Richard Louv, criador desse e de outros conceitos geradores de um movimento planetário de conservação ambiental, reurbanização e melhoria da qualidade de vida.

Tempo de Creche – Quais são as suas expectativas sobre as conexões entre as crianças brasileiras de áreas urbanas e a natureza? 

51dr4oni-UL._UY250_Richard – Eu acredito que as crianças brasileiras, assim como as crianças de todo o mundo, estão sofrendo do que eu chamo de “transtorno do déficit de natureza”. Como eu defino no livro A última criança na natureza (Last Child in the Woods), não se trata de um diagnóstico médico, mas de um termo útil – uma metáfora – para descrever o que as pesquisas científicas e muitos de nós acreditamos como custos humanos da alienação da natureza. Entre estes custos estão: diminuição do uso dos sentidos, dificuldade de atenção, taxas mais elevadas de doenças físicas e emocionais, aumento da taxa de miopia, obesidade infantil e adulta, deficiência de vitamina D e outras doenças. Para quem se interessar, o site Children & Nature Network compilou uma biblioteca online de estudos, relatórios e publicações, disponíveis para visualização ou download.

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Fernanda Heinz Figueiredo é a idealizadora do Festival de Cinema Ciranda de Filmes . Com a cineasta Patrícia Durães, coordena o festival pesquisando, selecionando e compondo uma programação de filmes voltados para a infância. Temos muito a aprender com esse processo. Ao fazer a curadoria do festival, Fernanda seleciona os filmes a partir de temas, compõe uma grade com obras que se conversam e amplia o alcance dos filmes por meio de espaços de conversa com especialistas.

Selecionar e compor os registros do dia a dia com as crianças também é uma ação de curadoria. O que queremos comunicar? Quais reflexões queremos provocar? Como incluir o outro nesse processo?

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Conheça os bastidores do Ciranda de Filmes para se inspirar e aprender com a Fernanda.

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trabalhando o corpo do bebêPara a professora de Educação Física e doutora em Educação, Monica C. Ehrenberg, a criança não tem um corpo, ela é um corpo. Pensar na criança como um indivíduo, é entender que ela é um conjunto de capacidades motoras, cognitivas, sociais e culturais. E, portanto, ela tem uma história que não é menor, mas diferente da nossa. Conhecer e compreender isso favorece o trabalho adequado ao desenvolvimento dos pequenos, em todos os aspectos.
Nesse sentido, o olhar para as crianças precisa partir do olhar que temos para nós mesmos.
Tem criança que não gosta de dar a mão para um tal colega, que não curte tirar o sapato ou não se sente confortável em sentar de índio. Será que todos os adultos gostariam de dar mão para qualquer pessoa numa roda? Todos nós nos sentimos bem sentando de índio? Não temos nossas preferências individuais?
E a limpeza dos narizes? Já pensou se alguém limpar o seu nariz da mesma forma com que passamos o papel no nariz dos pequenos?

Pensar em questões como essas é trabalhar o olhar respeitoso. É não esquecer que a criança é um sujeito.

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Em entrevista ao Tempo de Creche a professora Josca Ailine Baroukh fala sobre a  importância do acesso das crianças e dos professores à Arte como alimento para as múltiplas formas de expressão

Tempo de Creche – Como você vê a arte no currículo da Educação Infantil? E a Arte na formação dos professores?

Josca Se nós considerarmos que a arte se apresenta em várias linguagens e que as crianças pequenas se expressam pelas 100 linguagens, como diz Lóris Malaguzzi, o acesso a essas linguagens é fundamental para sua formação. As crianças têm direito de conhecer as várias linguagens da arte, pois elas se expressam por meio delas.

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Se nós não ensinarmos uma criança a falar, inserindo-a em contextos de fala, ela não vai usar a linguagem verbal. Da mesma forma, se nós não ensinarmos as linguagens artísticas, ela também não vai utilizá-las para se manifestar. As crianças se expressam de muitas formas diferentes, quanto mais se oferecer a elas acesso às diversas linguagens, mais poderão se manifestar à sua maneira. É um dever do educador oferecer e promover a elas o acesso às múltiplas linguagens.

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Em seu depoimento, a professora Denise Nalini nos coloca a importância das ações de construção de parceria na relação escola e família. Relações que valorizam atitudes de respeito e de escuta, sendo planejadas com intensão pedagógica e tendo previsão de ações específicas.

Tempo de Creche – As famílias sabem o que esperar da Educação Infantil?

CEI Cidinha UNA 1Denise – Na minha perspectiva, o trabalho com as famílias deve acontecer num processo que podemos chamar de formação da demanda. É a primeira vez que uma família tem contato com uma instituição de educação, portanto a forma como é tratada marca suas expectativas em relação ao que será uma boa ou não educação. Em termos nacionais, a chegada da população brasileira à Educação Infantil é recente. Até pouco tempo atrás, a creche era compreendida apenas como um direito da mãe e não da criança. Dessa maneira, as famílias tinham medo de dar informações, pois corriam o risco de perder a vaga do filho, essas práticas ao invés de aproximar as famílias das creches, afastou e gerou tensão. Além disso, grande parte das mães e pais viveram um modelo de escola, em que a tônica era a cópia, a pasta cheia e a criança quieta. Pensar em valores de uma nova educação, refletir sobre o papel da brincadeira auxilia os pais a compreenderem que padrão de qualidade em Educação Infantil é muito mais do que criança limpa ou criança quieta.

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