Tempo, Espaço e Materiais

Projetos e sequências didáticas se aplicam aos bebês? Eles compreendem estes processos? Acompanhe o percurso de um trio de professoras de bebês que trabalhou as sensações provocadas por diferentes farinhas e pela areia comestível.

Recentemente surgiu uma questionamento entre as professoras participantes das nossas formações: se os bebês são curiosos e pesquisadores, cabe fazer perguntas e desafiá-los?

 Sim! Basta adequar as intervenções:

  1. Começamos pelos materiais e pela organização de um espaço propositor. É pensar na arrumação de um local que fale por si, que inspire brincadeiras e que favoreça explorações e descobertas. Se consideramos que os bebês possuem diferentes antenas pelas quais conhecem o mundo que os cerca, os espaços e os materiais devem provocar um espectro de variadas sensações.
  2. Durante o andamento da proposta, permitimos o movimento livre do grupo para conhecer o espaço e os materiais da atividade. Em seguida, encurtamos a distância entre nós e os bebês, sentando junto para convidar e desafiar: viu esse material? Quer brincar? Quer tentar colocar a mão? Vamos descobrir o que isso faz/como é?
  3. Por fim, observamos e agarramos as oportunidades surgidas nas brincadeiras e nas expressões das crianças: olha o que você descobriu! O que será que aconteceu? Como você fez isso? Mostra para mim? Olha o que eu tenho aqui… (mostrar um objeto, um pote, uma colher, outro riscador, um brinquedo etc.), será que você quer brincar com isso também? A ideia é observar a brincadeira e intervir para que fique mais complexa. Assim, provocamos novos pensamentos com outros materiais e perguntas sutis, damos autonomia para a criança aceitar ou não o desafio, e esperamos o tempo dela pensar, testar e inventar.

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Cultura é parte dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da educação infantil  (BNCC). Aliás, cultura é território, é fundamento, é chão do desenvolvimento humano. Somos o resultado de um caldo cultural cozido ao longo da vida: juntam-se as sementes da família, os temperos da comunidade e os costumes escolhidos.

Fala-se muito em “cultura para crianças”… Será que ela é composta pelos mesmos ingredientes da cultura do adulto?

Pense um pouco antes de responder!

Acreditamos que a cultura da criança está apoiada sobre os mesmos pilares da cultura do adulto: família + comunidade + escolhas. O único diferencial é que a brincadeira é mais explícita e valorizada. Com isso, temos uma criança que carrega hábitos, gostos e tradições da família e da comunidade, e, ao chegar à escola, agrega outro tanto de cultura desse contexto. Então, olha que bacana: vivemos num universo potencialmente rico em costumes, crenças, arte e conhecimentos.

E o que acontece em algumas escolas?
Transformam a cultura em vídeos e músicas da Galinha, do Palhacinho e de mais “inhos” encontrados com facilidade no YouTube! Constrói-se, então, uma culturINHA limitada, rasa e pouco significativa.
Por quê????
Porque talvez tenhamos uma noção infundada sobre cultura para crianças… e até mesmo da cultura em geral.

Nesta postagem convidamos o leitor a pensar sobre a questão cultural na escola a partir do repertório oferecido para as crianças.

Propomos um desafio!
No quadro abaixo selecionamos recortes de diferentes animações encontradas no Youtube. Evitamos apresentar os personagens principais das histórias para buscar imparcialidade no julgamento. Observe e responda: quais das imagens abaixo são mais interessantes, desafiam o olhar e provocam a imaginação?

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Lucila da Silva Almeida, parceira do Tempo de Creche e coautora do livro Práticas Comentadas para Inspirar, faz um desabafo de formadora: será que o EVA veio para substituir o ultrapassado papel crepom?

Reflexões e questionamentos da Lucila para os leitores do Tempo de Creche:

Já faz um tempo que me incomodo com o excesso de “decorações” feitas de E.V.A. observadas em muitas das instituições de educação que frequento, Educação infantil e Ensino Fundamental.

São enfeites que ocupam todos os espaços: banheiros, murais de aviso, murais coletivos, títulos de cartazes (como nos quadro de nomes), calendário, tabela de números ou  abecedários, cantinhos de leitura. Já cheguei a ver enfeites de E.V.A. até na área externa!

Os estilos decorativos são variados, com peças compradas prontas de personagens de desenhos animados ou dos clássicos Monica e Cebolinha vestidos a caráter para Festa Junina. Há também professores que se desdobram utilizando réguas e moldes com letras do alfabeto para escrever tudo o que se imagine em E.V.A. É uma verdadeira febre! É quase um critério para “ser professor”, assim como a pasta de modelos de atividade que as alunas dos antigos cursos de Magistério tinham que compor.

Eu particularmente chamo o E.V.A. de “pai do papel crepom”. Os professores mais velhos certamente se lembram do tempo despendido para fazer as inúmeras bolinhas de papel crepom usadas para completar as atividades inacabadas dos alunos, que rapidamente se cansavam da tarefa. Eu já fiz muita bolinha de papel crepom, quando era criança e estudava no antigo “Prézinho” e, depois, quando fui coordenadora pedagógica de Creche e precisava ajudar as professoras às vésperas das reuniões de pais.

Por sorte, durante meu processo de formação,  acabei descobrindo que Educação Infantil era muito mais potente do que apenas uma etapa preparatória para a etapa posterior do ensino. Percebi que precisava conhecer a criança de hoje, do tempo real e não me ater somente a propostas que visavam a aquisição da coordenação motora fina e ampla. Até porque essa aquisição era muito mais presente e consistente nos momentos menos monótonos e mais interessantes.

Enfim, embora as benditas bolinhas de papel crepom tenham deixado minha vida e por sorte a de muitas crianças e professores, elas ainda são práticas recorrentes em algumas instituições.

O papel crepom foi sumindo aos poucos, mas como o mercado de material “pedagógico” persiste e precisa vender, o E.V.A. assumiu  esse lugar. Hoje em dia há folhas de E.V.A. de todas as cores, desenhos e alguns até com gliter!

Contudo, sem entrar no mérito da beleza, questiono: por que os professores insistem em sobrepor modelos estereotipados às marcas das crianças? Por que as produções das crianças são desvalorizadas e minadas pela prática da “decoração” feita pelos professores? Por que utilizar referenciais homogêneos ao invés de abrir espaços à diversidade das produções das crianças e garantir a identidade de cada instituição?

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Qual sala é importante para as crianças? Em que sala queremos trabalhar? Vai chegando o novo ano e os professores voltam suas atenções e ansiedades à organização da sala: quais materiais do ano que termina devem permanecer? Quais estratégias utilizadas na arrumação do ambiente promoveram boas interações entre as crianças? Qual será o meu novo espaço de trabalho? Em qual ambiente vou receber a nova turma e espalhar uma atmosfera afetuosa?

Espaço é a dimensão física, uma extensão com ou sem limite. Já o ambiente é muito mais, porque ele abrange tudo o que está dentro do espaço e provoca sensações.

O professor tem razão em depositar ansiedades e sonhos na expectativa da sala do próximo ano. A sala é uma referência fundamental para crianças e professores, influencia o estado de espírito e a aprendizagem.
Então que tal aquecer as reflexões sobre este ambiente pedagógico?
Vamos lá…

1- A sala como espaço formal de educação

A sala na escola não é um espaço de recreação. É parte imprescindível de um contexto de aprendizagem e tem que servir a este propósito. A arquitetura, as cores, a mobília e os materiais que compõem os recursos educativos estão distantes da ideia de “bufê infantil”.

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São inúmeras as possibilidades expressivas oportunizadas para os pequenos no dia a dia da educação infantil, e as diferentes técnicas e linguagens artísticas não precisam ter limites entre uma e outra. Para a pesquisadora Rhoda Kellogg, a linha, por exemplo, está presente tanto no desenho das crianças quanto na modelagem. Nesse contexto, o repertório de atividades expressivas oferecidas nas escolas me inquieta: por que ficamos presos às propostas bidimensionais, como desenho e pintura? Trabalhamos suficientemente as representações tridimensionais com nossos pequenos? É importante que a criança modele? Quais benefícios a experiência com a modelagem provoca nos pequenos? Qual o lugar da modelagem na Educação Infantil?

Segundo estudos promovidos pela UNESCO, as habilidades espaciais estão diretamente relacionadas ao desenvolvimento das habilidades de matemática e de ciências. Apoiada sobre estes resultados, a UNESCO afirma que o desenvolvimento da espacialidade na primeira infância é determinante para que a criança realize operações numéricas por volta dos 8 anos.

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Crianças aprendem brincando, mas não nascem fazendo isso sozinhas.
É pelas primeiras brincadeiras com a mãe que os bebês aprendem uma linguagem que dominarão com maestria: o brincar.
Aí você olha para a prateleira da sala, avista o caixote de brinquedos… e pensa: minhas crianças brincam todos os dias!
Será? Quais brincadeiras o caixote de brinquedos pode proporcionar? Vamos refletir sobre isto!

O lúdico é um estado de graça para a criança. Nós, adultos, perdemos a conexão com a brincadeira porque a sociedade dos “crescidos” rotulou o brincar como perda de tempo para quem tem responsabilidades e atribuições!

Mas hoje a brincadeira das crianças é garantida por lei, ao menos na primeira infância.
Por que será?

Por que as crianças ficam felizes quando brincam?
Por que gostam?
Por que inventam?
Por que descobrem?
Por que aprendem?

Sim!

canto de atividadesPor tudo isso. E porque o lúdico é uma linguagem que permite interagir com os adultos, as outras crianças, a cultura, a natureza, os espaços e os materiais. É por meio do diálogo brincante com o mundo que a criança vive experiências intensas e pode ser transformada por elas.

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O que a hora do parque representa para as crianças?
E para os professores?

Vamos começar pelos pequenos

O parque é um dos diversos espaços da escola que devem ser ocupados pelas crianças. Mas o parque é especial… talvez mais importante do que a própria sala!

Na área externa, de preferência grande, ensolarada e “decorada” pela natureza, as crianças desfrutam um ambiente arejado; amplo o suficiente para experimentar os grandes gestos do corpo; pesquisam e coletam galhos, pedras, plantas, bichinhos e outros tesouros; se juntam aos colegas e também encontram cantinhos secretos; colocam em ação incríveis enredos de faz de conta… enfim, vivem a infância no melhor cenário!
a hora do parque 1

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Uma situação tão instituída e corriqueira como a hora da soneca pode ser diferente? A dormida da tarde e outros momentos da rotina podem ganhar outros contornos?
Podem sim!

organização do espaço propositorNo CEI Nossa Turma, SP, as professoras Sandra Aparecida Ferrari Lima e Maria Aparecida Soares Santos (a Cida) organizaram uma proposta que envolvia tecidos coloridos de variados tipos. A expectativa era que os pequenos experimentassem modos de se vestir e usar os tecidos. Para garantir as criações, providenciaram fitas de elástico, para amarrar e manter os modelitos no corpo, e cabides para compor um espaço propositor.

Será que as crianças pensariam em se vestir com os tecidos?
Quais experimentações poderiam surgir?

Sala arrumada, instrumentos de registro e câmeras em mãos, era hora de chamar a turma que estava com a Cida no parque.

As crianças foram entrando e se maravilhando com o espaço transformado. Puxaram alguns dos tecidos pendurados e descobriram caixas com mais variedades. Como os tamanhos favoreciam o manuseio (1,0 x 0,70m e 1,0 x 1,40m), as crianças experimentaram usar o material como capa, colocar na cabeça como turbante e… aos poucos, saias, vestidos e pareôs foram surgindo a pedido dos pequenos e ajeitados com ajuda das professoras.

pesquisa das crianças

intervenção do professor

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Observar, escutar e acolher os interesses das crianças são os passos iniciais para construir projetos. Parece um processo corriqueiro e fácil. Mas está longe disso! Professores precisam ativar antenas de percepção e sensibilidade para intuir, refletir, criar e planejar práticas que provoquem as crianças, promovam brincadeiras e as despertem para questionamentos. Essa é a matéria prima para identificar temas e construir projetos com elas.

Como fazer isso acontecer?
Uma prática realizada no CEI Nossa Turma, SP pode ajudar a pensar.

As cores estão chamando a atenção de um grupo de crianças de 2 anos e de suas professoras também. A turma quer conhecer, aprender os nomes e pesquisa-las nos objetos do cotidiano, nos desenhos que fazem diariamente e nas pinturas.

Acolhendo e encaminhando esse interesse, as professoras Sandra Aparecida Ferrari Lima e Maria Aparecida Soares Santos (a Cida) têm planejado e desenvolvido diversas propostas envolvendo o tema. Cida utilizou um jogo de dominó comum para desafiar os pequenos a encontrar pecinhas com bolinhas amarelas, verdes, azuis etc. Os coloridos objetos do dia a dia também são estímulos para que as professoras brinquem com os pequenos fazendo perguntas sobre as cores.

atividade com pincel de espuma e pregadorRecentemente um pedaço de espuma de estofado caiu nas mãos da Sandra e inspirou uma interessante proposta de arte. Ela cortou o material em pequenos cubos, arranjou pregadores de roupas e criou pinceis originais.

Forrando com papel kraft uma grande mesa que fica na quadra, as professoras organizaram um espaço confortável e convidativo para a pintura.

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Uma professora nos escreve para auxiliá-la na orientação da rotina, pois trabalha com crianças de 3 a 4 anos e fica em dúvida de como e que conteúdos, eixos contemplar na mesma.
Quando o tema é Rotina, o que estamos pensando? Como a definimos?

Rotina

Existe um modelo pronto aplicável a todas as creches e escolas de Educação Infantil?

Não!

Se definirmos rotina como a organização do desenvolvimento que abrange o trabalho diário de professores e crianças, estamos falando em como levar em conta as concepções pedagógicas, a percepção de tempos, espaços e sua relação com as organizações da ação do professor e das crianças.

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