Conhecer outras experiências para se reconhecer e crescer!

Conhecer outras experiências para se reconhecer e crescer!

entrevista UNIEPREEm 2014 falamos sobre a importância e a relevância de visitar outras creches e espaços de Educação (Visitar outras creches: valioso recurso de trocas e reflexão). Uma experiência que traz recursos para repensar a nossa ação e crescer. Dessa vez visitamos uma creche – ou centro de Educação Infantil – gerida pela UNIEPRE. Aprendemos muitas lições que compartilhamos aqui!

 

UNIEPRE logoA UNIEPRE é uma instituição de Educação Infantil que implanta e faz a gestão de creches e pré-escolas dentro de empresas, como benefício para os funcionários. Nossa visita aconteceu na unidade da indústria de medicamentos Aché Laboratórios.

Flávia Vasconcellos Gusmão (diretora) e Sheilla André Carlos da Silva (coordenadora da unidade) nos receberam, mostraram a estrutura, o trabalho pedagógico, o olhar apurado para a gestão da saúde e a sabedoria de acolher e compartilhar a educação com as famílias.

UNIEPRE sala para mãesAs mães das crianças da UNIEPRE podem visitar seus filhos a qualquer momento e sem hora marcada. Isso atrapalha o andamento da rotina? Não e sim! NÃO, porque a mãe, se quiser, pode “espiar” seu filho ou se integrar nas atividades, respeitando o interesse da criança no seu momento. E SIM, porque existe uma estrutura que recebe a mãe que quer passar um tempo com sua criança e concede um espaço organizado com livros, jogos e poltronas para que o momento aconteça gostoso, de forma proveitosa para os dois.

Assim, o “atrapalhar” é sempre visto como bom! Isso constrói segurança para as crianças, para os pais e cumplicidade no que é desenvolvido na instituição.

O trabalho realizado no “CDI” do Aché (Centro de Desenvolvimento Infantil) vale a pena ser compartilhado e olhado de perto!

Balão numero 1MATERIAIS E ESPAÇOS

Muitos objetos e estratégias foram desenvolvidos pelas equipes pedagógicas de forma criativa, baseados nas pesquisas e demandas dos pequenos.

UNIEPRE tela

  • UNIEPRE tijolos de caixa de leiteAdoramos o painel de sombras, usado com luzes, para favorecer a dramatização e as descobertas das crianças.
  • Os “tijolos” de caixas encapadas de leite são usados para construir espaços e até como estímulos sensoriais em Cestos de Tesouros (outro recurso muito utilizado pela equipe).

 

 

  • UNIEPRE caixotes revestidosCaixas e caixotes lindamente forrados também são ferramentas de trabalho do dia a dia… que as crianças adotam com intensidade!
  • Uma mesa não perdeu sua função e ganhou outra: servir de casinha! As professoras fizeram com todo o UNIEPRE casinha na mesacapricho (tecidos e cola quente) e criatividade um brinquedo muito explorado pelos pequenos.

 

  • Encontramos crianças de 18 meses brincando concentradas para desvendar o desafio das bolinhas: colocar bolinhas (de piscina de bolinhas) nos furos corretos de uma caixa de papelão. Qual furo devo usar? E, depois de reunirem todas as bolas na grande caixa… hora da chuva de bolinhas para começar a tarefa novamente!

UNIEPRE Bolinhas

  • UNIEPRE arcosArcos e meio arcos (que poderiam ser bambolês), presos em estruturas simples de madeira servem para elaborar circuitos e trabalhar os desafios do corpo.
  • A Roda da Chamada é outra proposta que se insere na Rotina. Cada UNIEPRE roda de chamadaprofessora desenvolve seu recurso mas, em todas as situações, as crianças são convidadas diariamente a colocarem suas fotos num barco, num cartaz ou num móbile, para registrar a presença. Essa ação contribui para a construção da identidade e o reconhecimento do outro, no comecinho da aprendizagem das relações.
  • Panelas velhas, pregadas em palets num dos pátios, estimulam as percepções sonoras. Imagine… num ambiente de indústria a compreensão e o reconhecimento do Aché nos momentos da barulhada!

UNIEPRE bate panelas

  • UNIEPRE brinquedos organizados no chãoOs brinquedos estão sempre organizados no chão das salas. Uma organização com intenção de convidar para a brincadeira. Existe uma proposta por trás de uma “simples” arrumação de objetos, que seleciona, agrupa e arruma com objetivo de sugerir e interferir sutilmente na brincadeira.

Balão numero 2COORDENAÇÃO E EQUIPE PEDAGÓGICA

O bem estar dos funcionários é uma preocupação da instituição. Um trabalho sensível com crianças e famílias precisa de funcionários alertas, bem dispostos e apaixonados pelo que fazem. Nas palavras da Flávia, “a gente acredita que se a família não estiver bem a criança não está bem e se a criança não estiver bem a família também não estará! E para que famílias e crianças estejam bem, o educador tem que estar bem. Então, o investimento que fazemos no funcionário não é só em conhecimento, é na relação humana:

  • Como você se sente trabalhando nesse espaço?
  • O que te faz levantar da cama e vir trabalhar?
  • O que você acha que não está bom e que poderia ser melhor nesse espaço?
  • Se você estivesse no meu lugar o que faria de diferente?”

Reuniões periódicas, conversas com cada dupla de professor, formação e plano de carreira compõem as estratégias da gestão de pessoas. A UNIEPRE é uma empresa reconhecida pela qualidade de seus serviços, assim, cada nova unidade de Educação se constitui numa oportunidade de crescimento profissional: quem era auxiliar pode passar a ser professor; professores experientes podem passar a desempenhar cargos de coordenação e assim por diante.

Balão numero 3TRABALHO PEDAGÓGICO

Alguns instrumentos de registro balizam planejamentos de propostas pedagógicas, o cardápio das refeições e até medidas para prevenção de doenças. As equipes de saúde e pedagógica construíram uma Tabela de Intercorrências. Nessa tabela são registradas as intercorrências de cada sala:

  • Diarreia
  • Gripe
  • Alergias
  • Picadas de insetos
  • Assaduras
  • Nascimento de dentes
  • Quedas e machucados
  • Intolerância à lactose e ao glúten (que às vezes a família não sabe)
  • Informações que destacam cada criança envolvida nas situações

Esses registros levam ao acompanhamento de tudo o que está acontecendo em cada sala e a comparação entre todas as salas, mês a mês. Esse mapa pode direcionar ações e mudanças de rumo nos planejamentos de todas as equipes da creche: do pedagógico à manutenção. É uma visão concreta do que está acontecendo, “não fica no achismo”. Pode-se verificar:

  • A adequação do cardápio (será que a comida está muito forte? Está trazendo reações a várias crianças ou somente a alguma em particular? Alguma criança tem alergia alimentar ou intolerância ao leite, ao glúten?)
  • Muitos machucados? É uma questão de piso? As propostas estão muito desafiadoras e além das habilidades esperadas para a faixa etária?
  • Temos uma epidemia de gripe? Podemos tomar medidas para conter e melhorar a situação?
  • Muitas mordidas? Estamos disponibilizando menos brinquedos do que o necessário? As crianças estão saindo pouco para a área externa ou estão muito confinadas num mesmo ambiente? As mordidas estão diminuindo numa sala em particular? Quais foram as estratégias adotadas?
  • Picadas de inseto estão frequentes? Ou diminuíram com a colocação de telas, por exemplo?

Tudo então fica registrado e é apurado. Em certas situações as famílias podem se beneficiar destes dados: “nossa missão é também levar bem estar para as famílias!”, diz a Flávia.

Existe um respeito com as crianças nos projetos desenvolvidos nas unidades de Educação Infantil. Tudo é conversado e explicado. Quando os educadores limpam uma criança estão explicando o processo. Flávia ressalta que esse tipo de atitude é assumida quando agimos com os adultos: com licença, posso ajudá-lo nisso? Porque não ter esse mesmo respeito com os pequenos?

Balão numero 4RELAÇÃO COM AS FAMÍLIAS

Já mencionamos a valorização da parceria família-instituição na visão da UNIEPRE, que desenvolveu estratégias muito eficientes para conquistar pais e familiares.

Flávia destaca: “entendemos que é uma demanda das crianças que seus pais vejam e reconheçam o que elas fazem no seu espaço. Então pais podem entrar e FICAR! Isso é uma cultura institucionalizada. A percepção da UNIEPRE é que as mães ajudam. É uma relação de confiança.”

Obviamente a proximidade do trabalho dos pais ao Centro de Educação facilita o contato e o trânsito. A coordenadora Sheilla compartilha que num primeiro momento a entrada dos pais dispersa, mas só no primeiro momento, porque os pequenos estão habituados.

Tem também o lado dos pais nessa relação. Algumas mães fazem questão de dar a mamadeira de leite para seus filhos. Por que impedir esse laço precioso para ambos? A mãe tem uma vontade legítima e a criança só se beneficia dessa relação.

Essa convivência é uma crença estabelecida na UNIEPRE, que está além do contexto de estar inserida no espaço de trabalho das famílias. Sheilla destaca que a forma como uma mãe entra no espaço já diz muito sobre o momento da criança. São indicadores importantes à disposição dos educadores.

Outra ênfase é a comunicação ativa sobre o desenvolvimento e conquistas dos pequenos. Como atendem crianças a partir de 4 meses, as fases de amadurecimento são marcantes e intensas. A equipe dispõe de comunicados padronizados, afetuosos e explicativos, sobre a passagem do bebê para alimentação sólida, de sentar no bebê conforto para sentar no cadeirão, passagem de grupo (às vezes é difícil para as mães entenderem que seus bebês estão crescendo!), do sono no berço para o colchonete, perda da chupeta, ação conjunta de desfralde (este trabalho envolve uma reunião com os pais para investigar se estão preparados para o processo e combinar as estratégias. Se não estiverem totalmente comprometidos nem vale a pena começar!), enfim, cada detalhe da vida dos filhos é comunicado e compartilhado.

Registros das atividades e projetos revestem as paredes com fotos, produções e explicações do que foi realizado. Um aparelho de TV apresenta fotos das propostas ininterruptamente.

UNIEPRE registro nas paredes

Se você falar tudo o que vai acontecer com a criança antes do tempo, e as famílias não estiverem preparadas, vai dar curto-circuito! De acordo com a Flávia, “os bebês são das mães e não são nossos. E isso, nós educadores temos que perceber. Temos que respeitar o tempo de cada criança e de cada família.”

Para a Flávia não existem famílias desestruturadas. Famílias desestruturadas somente aquelas que não têm amor para dar para a criança. E isso é muito raro! Partindo dessa crença, reuniões temáticas (Bate-papo em Família), reuniões pedagógicas e a abertura para conversas lotam os encontros nas unidades da UNIEPRE. Os pais estão sempre interessados porque confiam na honestidade e dedicação da instituição e contam com a franqueza e transparência do trabalho desenvolvido com seus filhos.

Balão numero 5TRABALHO COM A SAÚDE

Ellen Del Grande é responsável pelos procedimentos de saúde na UNIEPRE. Ela elabora procedimentos e materiais, forma as equipes de saúde e supervisiona as questões relacionadas à Saúde com todos os funcionários das unidades.

Na instituição existe um livro base com orientações sobre todos os procedimentos: trocas de fraldas, banhos, refluxo, banhos de sol, cuidados com tanque de areia e até como proceder no caso de ministrar medicamentos a mais.

O aviso do desfralde é o Comunicado Feliz, que leva explicações num tom de conquista de amadurecimento. Outro comunicado aborda a troca da mamadeira pelo copinho com tampa de furinho. Aos 3 anos e 6 meses comunicam que a criança passará a se alimentar com o garfo e não mais com a colher. Os pais se sentem acolhidos no processo de amadurecimento e comprometidos com as conquistas.

Olhar a grama do vizinho… enche a nossa de verdinhos!

A UNIEPRE é uma instituição feita a partir do olhar generoso e competente para as experiências de Educação. Flávia afirma que essa história de conquistas e construções de 25 anos está aberta e nós, do Tempo de Creche, pudemos visitar, beber dessa fonte e compartilhar com nossos leitores.

barrinha colorida fininhaFoto FlaviaFlavia Vasconcellos Gusmão é psicóloga, especialista em Educação Infantil e sócia e diretora da UNIEPRE

 

foto ellenEllen Cristina Del Grande é enfermeira, especializada em saúde na Educação Infantil e coordenadora geral do Núcleo Saúde da UNIEPRE

Sheilla André Carlos da Silva é pedagoga, especialista em Educação de 0 a 3 anos e coordenadora pedagógica da UNIEPRE – unidade da Aché Laboratórios

barrinha colorida

 

Leia mais sobre a crença da UNIEPRE nos tanques de areia na postagem Um tratado sobre o TANQUE DE AREIA

4 comments

novamente estou perguntando se alguém sabe me dizer de que material é feito esse painel d sombra, de que tecido? por favor!

Olá, Shirley
Estivemos com o pessoal da Uniepre que nos informou que as telas são de algodão cru. Experimente! Comece com um lenço, será que o efeito também é bom? Registre e envie pra gente. Um abraço.

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