Um acervo de ideias para reinventar o Desenho
Para as crianças, o desenho é brincadeira, desafio e prazer com os próprios movimentos. Mais tarde, as marcas também são valorizadas.
Para que essa brincadeira continue e seja ampliada é preciso desenhar sempre e, em especial, pensar em alargar os desafios.
O que interfere no desenho e o que pode variar os desafios?
Para a neurocientista mineira Leonor Bezerra, o cérebro das crianças está no início do seu desenvolvimento. Nesse momento é ideal provocar diversas áreas cerebrais com estímulos multissensoriais, isso é, que obriguem a criança a sentir e usar vários órgãos dos sentidos ao mesmo tempo. Assim, o ato de desenhar, que já se mostrou importantíssimo para favorecer a expressividade e as narrativas, também ganha pontos com os estímulos motores e proprioceptivos* associados às emoções e sensações. Quando propomos desafios mais amplos para os pequenos, bombardeamos [no bom sentido] diferentes áreas cerebrais ao mesmo tempo. Com isso, o cérebro desenvolve conexões nervosas mais abrangentes e complexas. Aprender é assumir novos comportamentos e atitudes.
É dança? É música? É desenho? É dança-desenho!
Crianças não separam emoções e sensações nas suas vivências. Crianças experimentam o mundo por inteiro … com o corpo todo e a mente. Todas as dimensões participam do que propomos a elas, por isso, ao planejarmos momentos de desenho, movimentos do corpo e música, o que de fato estamos provocando? Temos consciência do conjunto de sensações, emoções e criações que estamos despertando?
Nesse sentido, alguns estudiosos têm pesquisado a abrangência do envolvimento das pessoas com as Artes e algumas conclusões podem contribuir com as práticas da Educação. Um foco desses estudos pesquisa a conexão entre desenho, pintura e as expressões do corpo.
Que relações existem entre o corpo que se movimenta e dança ao som da música e o corpo que risca e pinta sobre um suporte?
Para ampliar a pesquisa: tintas coloridas de farinha
Sugerimos uma receita de tinta com farinha que altera a textura e a fluidez do material… para inovar a experiência e as brincadeiras!
Experimentação artística e brincadeira andam unidas na infância e, talvez, por toda a vida. Pesquisar materiais, testar suas propriedades, conciliar os movimentos das mãos, braços e corpo com os caminhos do olhar são desafios muito aceitos pelas crianças, que criam percursos e narrativas.
As tintas fazem parte da Educação Infantil e o ideal é que os pequenos utilizem esse meio numa variedade de suportes. Porém, alterações na qualidade dos materiais vão provocar e desafiar os pequenos, envolvendo-os num percurso de aprendizagens sensitivas, físicas e emocionais.
Em que língua falo com minhas crianças?
Como contribuir para que as criança se expressem e comuniquem seus desejos e opiniões?
Às vezes é frustrante notar as crianças entristecidas e não conseguir “ser um ombro amigo”. Acolhemos nos braços, tentamos conversar, mas percebemos que a criança tem o que falar e não consegue se expressar.
Não é fácil para nós, adultos, traduzir sentimentos e emoções em palavras, o que dirá para as crianças! Encontramo-nos, então, numa encruzilhada entre a disposição para ajudar e a dificuldade em dialogar.
Uma conversa com Anna Marie Holm: arte, natureza e a poesia da infância
A vinda da artista (e educadora, apesar de ela própria não se descrever assim!) Anna Marie Holm para São Paulo, marca a primeira celebração de aniversário do Ateliê Carambola, a escola de Educação Infantil da educadora Josiane Del Corso.
Nós construímos espaço para a brincadeira, para a poesia. Aerodesenhos
Num encontro no MAM – Museu de Arte Moderna, São Paulo, a arte-educadora dinamarquesa começou sua conversa com o público presente já anunciando que não queria perguntas, mas diálogos! E assim Tempo de Creche acompanhou sua conversa sobre seu diálogo com os materiais, os lugares e as crianças dinamarquesas com as quais trabalha.
Afinal, o que é Arte na Educação Infantil?
O caminho de uma experiência de formação com professores de creche e suas crianças nas atividades de artes visuais, revelou questionamentos que provavelmente acompanham professores de outras creches. Que tal se dividíssemos nossas reflexões aqui?
Após quase um ano de formação, qualificando o atendimento da creche, adequando os serviços e trabalhando a transição para tornar-se uma creche conveniada à prefeitura, chegamos à etapa de desenvolver conteúdos pedagógicos específicos em serviço, com cada educador e sua turma. As professoras do berçário tinham dúvidas sobre o que trabalhar na linguagem de artes visuais com crianças tão pequenas.
Lançado o desafio, trouxemos uma proposta chamada Arte e os Sentidos e na primeira atividade: EU APERTO, ESPREMO E SINTO TEXTURAS: MELECAS, BEXIGAS E RECHEIOS.
Deixamos a sala com espaço livre, colocamos uma lona plástica no chão e sobre ela dispomos em um canto bandejas com meleca de amido coloridas (veja receita abaixo), cumbuquinhas e pazinhas. Em outro canto, colocamos bacias com pequenas bexigas coloridas, algumas cheias com um pouco de farinha e outras com um pouco de água.
Angélica e Sandra falam sobre o fazer arte com a criança
Para a arte-educadora Angelica Arechavala e a pedagoga Sandra Cordeiro Marino, a arte passa pelo corpo da criança e o adulto promove o fazer arte por meio da preparação de espaços provocadores e convidativos.
Tempo de Creche – A seu ver, qual o enfoque do trabalho de artes com a criança?
Angélica e Sandra – As crianças, desde muito cedo podem fazer arte, mas quem define as ações das crianças com a arte é o olhar do adulto que a acompanha, pois, para a criança em si, tudo é movimento e pesquisa, tudo é brincadeira vivida através do corpo.