Cores: muito mais do que azul, amarelo e vermelho!
Volta e meia nos deparamos com situações corriqueiras de “ensino” das cores em creches e escolas de Educação Infantil. Por que essa aprendizagem é considerada fundamental para o desenvolvimento das crianças? O que dizer das atividades coletivas planejadas para explorar apenas uma cor? Hoje é o dia do amarelo! …um sem fim repetitivo de papéis cortados, tintas e material impresso de qualidade duvidosa, para tentar relacionar o conceito abstrato da cor à sua nomeação.
Parece que a creche é a guardiã desse conhecimento! SERÁ?
Observe as cores ao seu redor…
Elas não existem sozinhas! Estão inseridas num contexto, são características das plantas, frutas, animais, de objetos etc.
Assim, é importante trabalhar as cores como qualidades das coisas, e não extraí-las isoladamente do seu contexto. Afinal, crianças aprendem o mundo a partir do contexto em que vivem: reconhecendo as cores que encontra pelo caminho, nos objetos, nas roupas, na natureza… o universo é colorido! E a criança se interessa por conhecê-lo.
É dança? É música? É desenho? É dança-desenho!
Crianças não separam emoções e sensações nas suas vivências. Crianças experimentam o mundo por inteiro … com o corpo todo e a mente. Todas as dimensões participam do que propomos a elas, por isso, ao planejarmos momentos de desenho, movimentos do corpo e música, o que de fato estamos provocando? Temos consciência do conjunto de sensações, emoções e criações que estamos despertando?
Nesse sentido, alguns estudiosos têm pesquisado a abrangência do envolvimento das pessoas com as Artes e algumas conclusões podem contribuir com as práticas da Educação. Um foco desses estudos pesquisa a conexão entre desenho, pintura e as expressões do corpo.
Que relações existem entre o corpo que se movimenta e dança ao som da música e o corpo que risca e pinta sobre um suporte?
Arte: cor, luz e transparência
Cor, luz e transparência são fenômenos físicos perceptíveis até por bebês jovens. Há muitos anos esses elementos são trabalhados pelas artes visuais e, de forma mais ampla, pela Arte Contemporânea. Mas o que isso tem a ver com a creche?
Um novo museu em Shangai, na China, foi construído para as crianças experimentarem – na descrição do museu está o termo “experimentar” e não “conhecer” – as cores, luzes, transparências e a história do vidro. O Museu do Vidro para Crianças, ou The Kids Museum of Glass, é um museu interativo, planejado para experiências educativas, onde as crianças podem interagir com instalações multimídia, desenhar, percorrer ambientes criativos, conhecer as propriedades dos vidros e até associar sons e cores.
Experimentar e ser atravessado pelas sensações que os fenômenos físicos, as artes e as emoções proporcionam, constrói aprendizados e desenvolve as linguagens expressivas.
Não é à toa que a China investiu milhões para ampliar as experiências sensoriais de suas crianças! O repertório dessas experiências nunca é suficiente, pois os pequenos sempre se beneficiam com descobertas ao entrar de corpo inteiro em experiências cuidadas esteticamente.