Tag de arquivos: Pedagogia da investigação

Nas postagens Curiosidade e pedagogia da investigação: caminhos para 2017 e Curiosidade: o combustível da aprendizagem, falamos sobre a importância da curiosidade como estado provocador para aprendizagens. Quando ficamos curiosos a respeito de algo buscamos acalmar o desejo de saber sobre alguma coisa que não sabemos, mas que nos interessa. Essa inquietação é uma potente força disparadora para a formulação de hipóteses, a pesquisa, a relação com o outro e com os fatos, a elaboração da comunicação e da linguagem.

Muitos processos complexos estão envolvidos e o resultado é a construção de aprendizagens, novas conexões, conhecimentos, a facilitação para buscar as curiosidades da vida e embarcar em novas pesquisas.

É um ciclo que não para nunca e que, a cada volta, desenha caminhos cada vez mais claros.

Nós (e as crianças!) aprendemos com o processo de investigar o que desperta nossa curiosidade, nosso interesse e, consequentemente, o que é significativo para nós.

Eu quero voar! Diz um menino numa turma de pré-escola.
Quem sabe voar? Pergunta a professora.
Eu! Responde o menino com uma capa de papel amarrada no pescoço.
E quem mais? João e eu queremos saber quem sabe voar!, diz a professora, organizando o pensamento e convocando outras crianças a participarem.
A borboleta!, reponde o pequeno com a capa.
O avião!, responde uma menina.
O passarinho!, responde outro menino.
Como será que eles voam?, intervém a professora.
Com o cérebro acessando os arquivos, as crianças respondem: com a asa!, correndo!, pulando de cima, ó!– um pequeno sube no banco e pula.

brincadeira de voar

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Nos dias 20 e 21 de janeiro de 2017 aconteceu o primeiro Encontro no Bairro, uma parceria da Escola do Bairro e do Blog Tempo de Creche com foco na criança. Com o lema o mundo na escola e a escola no mundo, o encontro Curiosidade e Investigação reuniu 35 pessoas que, mesmo sob chuva, participaram com interesse e muito diálogo.

Encontro no Bairro janeiro 2017 aulas

Para o filósofo e pedagogo Martin Buber (1878-1965), o homem é um ser de relação, aberto para o diálogo com o “Tu”. Para ele, o indivíduo existe somente quando se coloca em relação viva com outros indivíduos. Quando o indivíduo reconhece o outro em sua alteridade (com suas diferenças), conseguirá romper com a solidão e viver encontros transformadores.

Encontro no Bairro janeiro 2017 provocaçãoQuando Gisela construiu a Escola do Bairro, com tijolos de barro, cultura e pesquisa, surgiu também uma sintonia de crenças entre o Blog e a Escola. Gisela foi uma das primeiras a participar da seção Palavra de… e, com as conversas sobre curiosidade e investigação, compor um tempo e um espaço para dialogar sobre Educação foi um processo natural. Surgiu a proposta de fazer Encontros no Bairro, convidar educadores e pessoas interessadas na infância para ouvir, falar, questionar e refletir.

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crianca-investigativaPropomos um desafio: planejar o ano levando em conta a importância da curiosidade e da investigação da criança como um dos motores da aprendizagem.
Já falamos sobre Paulo Freire e a escuta, Madalena Freire e o registro e a reflexão. Encaramos a documentação inspiradas em Reggio Emilia. Exploramos a autonomia do bebê e a relação olho no olho com o educador na visão de Pikler. Pensamos nas diretrizes e bases curriculares para apoiar nosso trabalho. Mas o que acontece no mundo da educação além disso?

Estudiosos e pesquisadores de diversas áreas do conhecimento estão pesquisando a conexão entre curiosidade e desenvolvimento humano. Por que tantos cientistas estão tão curiosos a respeito da curiosidade?

Para o psicólogo, educador e economista americano, George Loewenstein, a curiosidade tem sido compreendida como uma força que impulsiona o desenvolvimento infantil e um dos mais importantes estímulos condutores da Educação e das descobertas ccuriosidade-e-investigacao-bebeientíficas.

Um dos pilares da teoria de Piaget sobre o desenvolvimento intelectual da criança é o anseio natural que ela tem para investigar e compreender o seu ambiente. Piaget definiu curiosidade como a necessidade de explicar o inesperado. Para ele, as crianças são pequenos cientistas.

Nesse sentido, a curiosidade reflete o desejo de preencher informações que nos faltam para explicar coisas e situações sobre as quais temos interesse.

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criancas-com-brinquedo-na-areiaQuando pensamos na importância da pesquisa e na alegria pela descoberta como o motor da aprendizagem, esquecemos que precisamos alimentar uma característica primitiva e essencial, que é anterior a esse processo: a curiosidade.
Como identificá-la?
Perseguindo os olhares questionadores e as perguntas das crianças. Também colocando as perguntas certas na hora certa. Estas são as pistas do professor.

Dia desses saí muito angustiada de uma aula com a Madalena Freire! E coloquei para ela a minha aflição: Madalena, entro aqui com 1000 perguntas e saio com 2000! Quando vamos resolver tudo isso? Madalena prontamente respondeu: nunca! Enquanto você estiver aprendendo suas dúvidas não pararão de crescer. Enquanto eu estiver lhe ensinando, você terá mais e mais perguntas para me fazer. É isso que um professor deve querer. Isso dói e traz angústia, mas é o movimento natural da aprendizagem.

Saí da aula com desconforto. Madalena me puxou a cadeira várias vezes num período de 2 horas. Isso me fez ajustar o corpo e a mente para buscar novas descobertas e questionamentos. Cansa! Mas enriquece.

Dormindo sobre os novos conhecimentos – recomendação da Madalena – logo surgiram conexões.

Lembrei-me dos estudos da psicóloga americana e especialista em Educação, Susan Engel. O objeto de sua pesquisa é a curiosidade e o quanto ela é representativa no contexto da aprendizagem.

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