O que significa partir da criança?
Afinal, o que é a criança protagonista? Como atender aos interesses das crianças?
Palavra de… Denise Nalini: cantos de atividades e as tomadas de decisão da criança
A proposta de cantos de atividades diversificadas tem ocupado espaços nos textos referenciais de vários municípios e tem sido frequentemente trabalhada em ações formativas para professores da Educação Infantil. Vamos conhecer o porquê com a Doutora em Educação e formadora, Denise Nalini.
Tempo de Creche – Pode falar sobre as atividades de cantos diversificados?
Denise – Os cantos vêm da ideia de uma criança ativa.
Na história da Educação Infantil, os cantos nasceram com Decroly (médico e educador belga, 1871 a 1932) e com a contribuição teórica do pedagogo alemão Fröbell (1782 a 1852) e os cantos do trabalho de Freinet (1896\1966). Todas estas pedagogias trazem a ideia de não trabalhar com uma única atividade.
As propostas nascem da perspectiva de considerar a singularidade de cada criança, que é capaz de escolher entre algumas possibilidades, porque elas têm interesses próprios. Em resumo, dar à criança opções.
Protagonismo infantil em três relatos práticos
Quer conhecer três projetos que valorizam o protagonismo infantil?
Confira os depoimentos de professoras sobre práticas de projetos que percorreram o ano de 2015 na Escola Primeira, São Paulo.
No final de novembro visitamos a V Mostra Cultural da Primeira: Lá…tão longe, tão perto! organizada pela equipe pedagógica para dar visibilidade às profundas aprendizagens das crianças ao longo do ano. A mostra apresentou uma síntese reveladora daquilo que foi mais significativo para as crianças e, ao mesmo tempo, proporcionou experiências estéticas com os registros e produções selecionadas.
Veja a postagem Palavra de… Bia Nogueira: atelierista para conhecer mais sobre essa mostra da Escola Primeira.
1- Da minha janela eu vejo o mundo
Faixa etária: 18 a 24 meses
Professora responsável: Talita Pereira de Freitas
Auxiliar: Arline Midori Zamparo
Atelierista: Bia Nogueira
Este ano o trabalho da professora Talita com sua turma começou diferentemente dos anos anteriores. Suas crianças só queriam ficar dentro da sala. Segundo a Talita, geralmente os pequenos querem ir ao parque e correr, mas estes não. Com isso, começou a ideia de trabalhar o acolhimento se abrigando em ninhos, que, mais tarde, evoluiu para a construção das caixas, algumas delas expostas na mostra.
Para não deixar a pesquisa na “caixa pela caixa”, as crianças e a professora começaram a explorá-la com os sentidos. Tudo partiu de uma das crianças que degustava um alimento. O projeto começou a caminhar pelas várias formas de exploração dos sentidos: sons, gostos, cores, cheiros e sensações do tato.
Base Nacional Comum Curricular: a criança como protagonista
O texto provisório da Base Nacional Comum Curricular reforça a visão da criança como PROTAGONISTA das ações educativas das instituições de Educação Infantil.
PARTICIPAR, com protagonismo, tanto no planejamento como na realização das atividades recorrentes da vida cotidiana, na escolha das brincadeiras, dos materiais e dos ambientes, desenvolvendo linguagens e elaborando conhecimentos (BNC, p. 20 – Documento de Consulta Pública).
Esse direito é o embasamento que encaminha a forma de pensar as ações nas Creches e EMEIs. Isso significa que os planejamentos de propostas devem partir dos interesses das crianças, identificados nos registros das ações do dia a dia.
Pense bem: as propostas e atividades não devem partir das ideias “independentes” dos professores!
Assim, por esta compreensão da aprendizagem, a criança pequena aprende a partir de seus interesses, de sua vontade de pesquisar e dos desafios que encontra.