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Publicamos diversas postagens sobre a importância do desenho infantil para o desenvolvimento da criança. Mas como disse a Rebecca, aluna do nosso curso Desenho na Infância, “a gente fala sobre a importância do desenho mas não sabe exatamente o isso que quer dizer!”. Desse modo, ficam comprometidas a intencionalidade por trás das propostas de desenho e o acompanhamento do amadurecimento das crianças. Se não compreendemos de fato e só temos “fé” no tal do desenho, ou relegamos esta linguagem simbólica para “quando for possível”, ou lançamos mão desta atividade para preencher espaços vazios da rotina e acalmar a turma. Por isso, esta postagem pretende “traduzir” a visão de alguns estudiosos para fundamentar a afirmação de que o desenho é essencial para o desenvolvimento global da criança pequena. Quando se pensa em atividade de desenho, o que passa na cabeça é acalmar as crianças e contribuir para a motricidade, uma vez…

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Para Madalena Freire o registro ajuda a sistematizar o pensamento. Mas isso também se aplica às crianças pequenas?
Sim!
Então, como ajudá-las a registrar e elaborar aquilo que estão experimentando?

Bebês a partir de 6 meses podem aprender a segurar riscadores e experimentar fazer as primeiras marcas no suporte. Riscando, rabiscando e brincando, os pequenos vão desenvolvendo o desenho e percebendo que o modo como movimentam os dedos, a mão, o punho, o cotovelo o ombro e o corpo todo, determina a forma das marcas.

Nesse ponto os desafios de brincar de desenhar vão ficando mais complexos e interessantes. Buscar controlar os traços, repeti-los e modificá-los, instiga as crianças a buscarem soluções.

O desenho assim, conquista mais detalhamento.

Os resultados desse desenvolvimento não ficam marcados somente no papel. Aspectos cognitivos são trabalhados e o cérebro aprende a controlar o corpo e usar o desenho como expressão dos pensamentos, emoções e memórias.

É justamente aí que reside o recurso do registro infantil. Como o registro feito por nós, adultos, conquista qualidade à medida em que é praticado.

Registro em desenho Projeto Amiguinha Santa MarinaNo CEI Santa Marina, em São Paulo, as crianças de 3 a 4 anos desenham todos os dias. Nas ocasiões em que as professoras percebem que experiências significativas precisam ser elaboradas e repensadas, toca desenhar!

Experimentaram algo novo?
Entusiasmaram-se com uma história?
Estão trabalhando num projeto?
Precisam pensar sobre um acontecimento?

Mãos no riscador!

É incrível notar a qualidade do desenho dos pequenos do Santa Marina! Crianças que facilmente expressam suas ideias no papel e também oralmente.

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Encontramos um relato interessante sobre o desenho infantil na faixa dos 3 a 4 anos, lendo a dissertação de mestrado da professora Vanessa Marques Galvani. Ao refletir sobre registros e produções de duas crianças em particular, a professora buscou apoio no conceito de zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky,  planejou intervenções e colheu resultados significativos.

Vanessa estava pesquisando a fotografia como suporte para a elaboração de documentação pedagógica, quando percebeu nos registros fotográficos de sua turma algumas particularidades no desenho de dois de seus alunos. Ela notou que o Artur (nome fictício), apesar de reconhecer algumas partes do rosto humano na sua própria fotografia, ainda não conseguia desenha-las sozinho. Já Clara (nome fictício), tranquilamente demonstrava através de seus desenhos uma figuração mais estruturada.

Exercicio de autoretrato Arthur

A partir da leitura das produções das crianças e dos registros realizados durante os momentos do desenho, Vanessa identificou que Artur conseguia desenhar algumas partes do seu rosto. Mas, em comparação com os desenhos de Clara, ainda faltavam algumas estruturas. Isso indicava que o menino estava numa zona de desenvolvimento proximal no desenho da figura humana. Partindo desse olhar, planejou estratégias pedagógicas para provocar Arthur e promover o desenvolvimento do seu desenho.

Como Vygotsky nos ajuda a entender esse processo?

Para o psicólogo bielorrusso Vygotsky, existem dois níveis de desenvolvimento infantil.

Exercicio de autoretrato ClaraQuando a criança é capaz de realizar uma determinada ação de forma autônoma, sem nenhum auxílio, ela se encontra zona de desenvolvimento real. Este nível é o resultado de processos de aprendizagens já adquiridas e conquistadas pela criança.

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Terceira oficina de desenho de "Histórias da infância" nos dias 14 e 15 de maio
Terceira oficina de desenho de “Histórias da infância” nos dias 14 e 15 de maio

Contato com a arte e os artistas Informação Experimentação e aprendizagem andando juntos! Esta é a proposta do MASP – Museu de Arte de São Paulo

Aos sábados e domingos, o museu oferece uma grande oportunidade de se relacionar com as ideias e a produção de artistas contemporâneos, em oficinas gratuitas para crianças de 5 a 8 anos. Entre os artistas visuais que receberam o convite para conduzirem as oficinas com as crianças estão Rivane Neuenschwander, Paulo Nazaterh, Beatriz Milhazes, e outros. A “relação entre o MASP, as crianças e suas formas de expressão é pioneira no Brasil e remonta aos anos iniciais do museu, fundado em 2 de outubro de 1947, destaca o curador Fernando Oliva.

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menino desnhando na paredeCrianças escolhem desenhar. Em diversas culturas, desenhar é uma atividade típica da infância. Ao observar os pequenos desenhando é comum perceber que todo o corpo está envolvido na ação. Os rabiscos fluem de mãozinhas que voam sobre o suporte, deixando suas marcas. Às vezes as crianças desenham sem mesmo acompanhar a ação com o olhar, fazendo parecer que os rabiscos são marcas ocasionais e sem sentido…. Ledo engano! Muita coisa está acontecendo porque nesses momentos elas usam seu cérebro de forma complexa e dedicam emoções à ação que fica expressa no suporte.

bebê desenhandoCrianças podem rabiscar desde que consigam segurar um riscador (qualquer objeto como gravetos, carvão, tijolos ou mesmo batons…) e coordenar seus movimentos o suficiente para deixar marcas. Mas é por volta dos 18 meses que elas se interessam de fato por rabiscar. Para Piaget, as crianças desenham o que sabem e não o que veem. O estudioso do desenho infantil G. H. Luquet, dizia que a criança desenha para se divertir e é para ela uma brincadeira como outra qualquer. Mais especificamente, uma brincadeira que pode ser brincada a sós, em espaços fechados ou ao ar livre.

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Crianças não separam emoções e sensações nas suas vivências. Crianças experimentam o mundo por inteiro … com o corpo todo e a mente. Todas as dimensões participam do que propomos a elas, por isso, ao planejarmos momentos de desenho, movimentos do corpo e música, o que de fato estamos provocando? Temos consciência do conjunto de sensações, emoções e criações que estamos despertando?

Nesse sentido, alguns estudiosos têm pesquisado a abrangência do envolvimento das pessoas com as Artes e algumas conclusões podem contribuir com as práticas da Educação. Um foco desses estudos pesquisa a conexão entre desenho, pintura e as expressões do corpo.

Que relações existem entre o corpo que se movimenta e dança ao som da música e o corpo que risca e pinta sobre um suporte?

desenho e dança 6 Segni Mossi

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Toda a criança desenha. Como compreender esse processo que começa igual para todas e vai se desenvolvendo? Como olhar o amadurecimento do ato de desenhar e identificar seus marcos?

A criança, mesmo em atividades coletivas, é única. Quando está desenhando não é diferente. Desenhar é expressar-se por meio de marcas, num modo próprio. É criação, é conquista de desenvolvimento motor e intelectual, é uma conversa com os saberes e a cultura que, nos primeiros meses de vida, tem características humanas universais.

O desenho, como Edith lembrou na postagem “Palavra de Edith Derdyk o desenho do gesto e dos traços sensíveis é linguagem inata: toda a criança, de qualquer tempo e lugar, desenha. Toda criança possui intimidade com o desenho como ponte de investigação, expressão e comunicação com o mundo.

desenho 3Da mesma forma que um desenvolvimento transformador, que passa por conquistas graduais e individuais, leva o bebê a andar, também o leva a ser capaz de desenhar. A criança começa a se expressar nos primeiros traços e percorre um caminho até realizar desenhos mais organizados e elaborados. Rosa Iavelberg ainda destaca que a única coisa que sabemos ser universal no desenho infantil é a garatuja. Todo o resto depende do contexto cultural.

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garatujasParece que é automático! É só apresentar para os pequenos algo com que riscar que o ato de desenhar se inicia na mesma hora!

Que bom! Porque quanto mais desenha, mais a criança desenvolve o desenho os ganhos cognitivos que o ato proporciona. 

mz2-twin-score-also-0.w529.h352.2xAté os 12 meses a criança descobre a existência dos objetos que podem deixar marcas nas superfícies (riscadores e suportes). Começa então uma produção natural e espontânea de traços, inicialmente desordenados e sem controle (garatujas desordenadas).  Porque ainda não tem maturidade para coordenar seus movimentos, os traços são fortes e descontínuos. Também não existe percepção do espaço gráfico e nota-se que os traços ultrapassam os limites dos suportes (papel, por exemplo). Braço e antebraço são como um membro unido que se move a partir da articulação do ombro.

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Rosa Iavelberg, educadora, autora do livro Desenho na Educação Infantil fala sobre o novo olhar para o processo de aprendizagem do desenho na infância. 

Crianças CEI NT

 Rosa, são muito difundidos os estudos sobre as fases do processo de desenho na infância. Há um novo olhar para este processo?

Desenhar não é uma questão de dom. O desenho praticado desde a Educação Infantil pode abrir um mundo novo de experiências simbólicas que expandem a imaginação, a expressão e a capacidade criadora.

O que move a criança a desenhar é sua interação com os próprios desenhos e a sua diversidade presente nos ambientes. Hoje não se compreende mais o desenho da criança passando por fases de desenvolvimento de modo espontâneo e sim, que todos os alunos podem aprender a desenhar com orientação didática adequada sem ter medo de criar.

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O desenho é um pilar do trabalho com a infância. Desenhando a criança mobiliza tantos processos cognitivos e motores que a atividade, lúdica e prazerosa, favorece desenvolvimentos e ainda dá pistas deles para os educadores.

IMAGEM RISCADORES

No post Repetir propostas para crianças. Será? Falamos sobre a repetição de atividades, destacando o desenho. Ao repetir o ato de desenhar a criança evolui as marcas que aprende a fazer. Lowenfeld, Piaget, Vygotsky e Luquet estudaram esse desenvolvimento e o consideraram como marcas do amadurecimento da criança.

Segundo Lowenfeld, a criança inicia o processo de desenhar fazendo garatujas ou rabiscos de forma desordenada. Em seguida, os rabiscos vão se ordenando. A prática desse rabiscar encaminha a criança para fazer formas. As formas vão gerando as figuras humanas que são constituídas basicamente por cabeças redondas e membros que se originam dela. Essas figuras, ao longo das repetições, vão adquirindo mais detalhes e o desenho passa a evoluir na composição também.

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10/10