Leitura de livros para crianças: como e por quê?
Para pensar sobre leitura de livros para crianças algumas questões orientam as ideias e levantam sugestões a partir das postagens sobre o tema. Promover a linguagem oral e o contato com os livros é preocupação constante da Educação Infantil.
Ruth Rocha e Otávio Roth: coisinhas à toa que deixam a gente feliz
Acordar com cafuné
Pintinho saindo do ovo
Começar caderno novo
Melar o dedo no mel
Joaninha no nariz
Escrever com esta singeleza é sinônimo de infância. Otavio Roth, artista plástico e autor destes versos, foi uma criança feliz.
Sábado, dia 18 de março, a partir das 14h, a Livraria da Vila da rua Fradique Coutinho, 915, Vila Madalena, SP será palco de um evento literário em que a escritora Ruth Rocha revive a parceria com o artista Otávio Roth, lançando a coleção infantil Coisinhas à toa que deixam a gente feliz, composta por quatro volumes, dois de autoria de Otávio e dois inéditos de Ruth, à moda de Roth, em edição especial e limitada.
Na dedicatória da primeira edição do livro Duas dúzias de coisinhas à toa que deixam a gente feliz, Otávio agradece à mãe que o ensinou fazer bolha de sabão na banheira e outras travessuras da infância. Os sabores desses pequenos momentos o acompanharam ao longo de sua jornada. Ana Beatriz, esposa do artista, lembra que quando o marido escreveu os primeiros dois livros da coleção, sua filha, Isabel fazia o pai se divertir com as brincadeiras que inventava quando pequena. Ana ainda nos contou que a sensibilidade do artista é fruto das memórias da infância feliz vivida em uma pequena vila na Bela Vista, SP, onde todas as crianças brincavam juntas na rua.
Ruth Rocha, escritora de livros para crianças e adolescentes, compartilha com Otávio este olhar sensível para as pequenas coisas que nos dão tanto prazer e que se transformaram em matéria prima para a coleção escrita pelos dois autores.
Palavra de… Patrícia Auerbach: como ler livros para crianças?
Ao conhecer os livros-imagem (sem texto) O Jornal e O Lenço, de Patrícia Auerbach, da Editora Brinque-Book, Tempo de Creche conversou com a autora sobre a importância da imagem para a criança e como se deu o processo de criação dos dois livros, que não têm texto, mas têm muito a contar.
Tempo de Creche – Qual foi a inspiração para os dois livros?
Patricia – O Jornal nasceu de uma brincadeira em um dia de chuva, na casa da minha sogra, com meus filhos fazendo a maior bagunça. Tinha uma pilha de jornal do chão. Eu peguei uma folha e pensei, vou inventar uma coisa aqui. Comecei a fazer dobraduras e aquilo funcionou. Fiz um barquinho e meu filho olhou e disse – Um pirata! Saiu incorporando um pirata. Eu ainda estava pensando o que ia fazer com aquilo e ele já era um pirata! Embarcamos nesta história e as crianças brincaram deliciosamente por um bom tempo.
Uma preciosa lista de livros infantis
A equipe do Tempo de Creche foi conversar com a psicóloga Ângela Aranha, idealizadora e fundadora da Casa de Livros, uma tradicional casinha de tijolos, especializada em literatura infanto-juvenil de São Paulo. A missão: descobrir dicas certeiras de bons livros para crianças pequenas. Para Ângela, um dos sabores da vida é ver as descobertas das crianças no contato com a literatura e suas inúmeras linguagens. Em cada idade a criança está em um momento diferente, por isso é importante entendermos o que ela está explorando e descobrindo para oferecermos o livro mais próximo de seus interesses.
Bebês
Os bebês exploraram o que enxergam. Que tal oferecer livros com imagens grandes para ir nomeando os elementos junto com eles? A coleção Meu primeiro livrinho toque e brinque, da editora Usborne, composta por três livros, é muito adequada. A editora Yoyo tem em seu acervo o livro Contrários, da Coleção Ver e Aprender, também excelente para o pequeninos.
Crianças de dois a três anos
Para as crianças na faixa de dois a três anos, as imagens ainda são o ponto fundamental, mas já é possível oferecer livros com pequenas histórias.
A Cia das Letrinhas publicou o livro Bem lá no alto, da Suzanne Straber. Todos os bichinhos estão loucos por uma torta que está bem lá no alto, mas os bichos estão lá embaixo! O que fazer? Será que podemos contar com a ajuda de amigos? O livro apresenta lindas imagens.
Crianças, famílias, escolas e as palavras
Já ouviu falar sobre a defasagem de 30 milhões de palavras?
Essa é a conclusão de uma pesquisa que comparou a quantidade e a qualidade das palavras ouvidas pelas crianças nos três primeiros anos de vida e a relação com os recursos e o nível educacional das famílias.
Como o ambiente influencia o desenvolvimento da linguagem da criança? Como contribuir com essa aprendizagem?
O desenvolvimento da linguagem e seus efeitos têm sido estudados por um número cada vez maior de pediatras e neurocientistas em todo o mundo. Um artigo lançado neste mês na revista científica americana JAMA Pediatrics conclui que o número de palavras ouvidas pelas crianças de 0 a 24 meses começa a revelar consequências a partir de 9 meses de idade, e fica mais evidente aos 2 anos. Em resumo, o que a criança escuta desde o nascimento tem influência no vocabulário que ela terá aos 2 anos. As consequências da falta de vitamina da palavra* levam ao atraso na alfabetização, ao desempenho escolar abaixo do esperado e dificuldades sociais e econômicas.
Hart e Risley, os pioneiros dessa abordagem, eram estudiosos da educação infantil em contextos de pobreza e guerra nos anos de 1960. Frustrados com os resultados inexpressivos das ações que buscavam melhorar o desenvolvimento da linguagem na educação infantil, levantaram a hipótese de que, se a escola estava desenvolvendo um bom programa com as crianças, então as diferenças na qualidade da linguagem deveriam estar associadas ao que acontecia em casa. Assim, decidiram mudar o foco de suas pesquisas investigando o que a criança ouve dos adultos cuidadores (professores e familiares) a partir de sete meses até três anos de idade.